Escrito por: Marina Maria

Zé Dirceu abraça militância do DF: “nosso maior desafio é a solidão”

O ex-ministro refletiu sobre a falta de apoio do governo no Congresso e outros temas em atividade da CUT-DF

Marcos Paulo/Maracatu - CUT-DF

A edição do CUT no Eixo desse domingo (7) contou com uma presença muito especial. Zé Dirceu, um verdadeiro patrimônio histórico da esquerda brasileira, esteve na atividade, onde debateu temas como as conquistas do atual governo Lula, os desafios no Congresso Nacional e o avanço da ultradireita na Europa e na América Latina - bem como as revoluções protagonizadas por esses povos nos últimos anos.

Em clima de amistosidade, Zé Dirceu cumprimentou a militância, posou para fotos e afirmou: “É muito bom encontrar velhos amigos”. Segundo ele, um dos maiores desafios do governo é a solidão, pois apesar de ter sido eleito em uma frente ampla, esses setores não estão contribuindo para a implementação da política eleita pelo povo brasileiro nas urnas.

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“Tivemos aliados para derrubar o bolsonarismo, mas não temos aliados para apoiar o governo”, afirmou. Para Dirceu, o povo organizado conseguiu eleger Lula após um período de verdadeira “segregação política e social” que durou sete anos, o que foi um feito histórico. Agora, segundo ele, é preciso fazer uma revolução social no país.

Leandro Gomes Ex-ministro Zé Dirceu em atividade da CUT-DF

“O que existe no Brasil é uma apropriação da renda do trabalhador, por isso, o presidente está tentando construir a maioria para aprovar a isenção do imposto a pessoas que ganham até 5 mil”, afirmou. Para o ex-ministro, a reforma tributária é a revolução que o país precisa.

A Constituição Cidadã de 1988 foi para Dirceu um passo primordial para apontar o caminho que o país precisa seguir. “Mas nós não fizemos as reformas necessárias para sustentar a Constituição, a reforma tributária, a reforma política e a reforma agrária”, afirmou.

Enfrentar a pauta moral

Zé Dirceu explicou que nas últimas décadas o Brasil e o mundo foram testemunhas de uma grande mudança no que diz respeito aos direitos das mulheres, das minorias e dos próprios costumes da sociedade. Com isso, a ultradireita se aproveitou dessas pautas e do choque cultural que as mesmas causam para fazer um palanque político. Hoje, essa é a principal plataforma eleitoral desses grupos. 

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“Uma parcela enorme da sociedade não aceita essas mudanças e se radicaliza”, explicou Dirceu. Ele citou ainda alguns dos últimos enfrentamentos que o campo da esquerda teve, como a PEC da privatização das praias e o PL da Gravidez Infantil.

Na avaliação de Zé Dirceu, só houve recuo nessas pautas a partir da mobilização. E a nossa tarefa, enquanto militância de esquerda, é justamente fazer o enfrentamento dessa pauta moral nas ruas, pois só assim poderemos frear o avanço da extrema direita em nosso país.

Após o debate, o CUT no Eixo contou ainda com apresentação de Emília Monteiro e da banda Passo Largo, que passeou por clássicos da Música Popular Brasileira. A próxima edição do evento está marcada para o dia 4 de agosto.

Leandro Gomes Emília Monteiro e Banda Passo Largo animam CUT no Eixo