Escrito por: Marina Maria

Violência contra as mulheres: Campanha terá série de atividades no DF

Em 21 dias de ativismo, movimento feminista debate direitos, combate a opressões, assédio moral e sexual, dentre outros temas

Jean Maciel

Quando Maria Luiza* foi selecionada para trabalhar em uma rede hoteleira de renome, imaginou ter tirado a sorte grande. Já fazia tempo que a moça procurava uma oportunidade de emprego como aquela. Porém, logo nas primeiras semanas, ela foi alertada por uma colega de trabalho que os gerentes do hotel estavam apostando qual deles se relacionaria com ela primeiro. 

A hoteleira  já tinha estranhado o fato de um desses chefes ter ficado no quarto enquanto ela arrumava o local. O mesmo homem foi inconveniente várias vezes com a moça, chamando pra sair, fazendo piadas e insistindo nessa importunação, mesmo depois de várias negativas.  A partir dessa situação, Maria Luíza ficou mal falada em seu ambiente laboral e começou a trabalhar com medo e vergonha, o que a fez desenvolver ansiedade e acabar tendo que mudar de setor. 

Infelizmente, essa história está longe de ser um caso isolado. No Brasil, apenas de janeiro a junho deste ano, foram registrados mais de 26 mil casos de assédio moral no Tribunal Superior do Trabalho. 

Considerando o relato de Maria Luiza e a realidade de milhares de trabalhadoras no Brasil, a campanha dos 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres aborda, entre outros eixos, a ratificação da convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Esse processo, que já foi iniciado pelo governo brasileiro, visa eliminar a violência e o assédio no ambiente laboral, cujas maiores vítimas são as mulheres. 

Calendário 

A CUT-DF participa da campanha dos 21 dias de ativismo e, em parceria com os sindicatos filiados, realiza uma série de atividades nesse período. A primeira delas acontece já neste domingo (19), a partir das 9h30, no eixão norte, altura da 208. O debate “Da revolta da chibata aos dias de hoje” dá o pontapé inicial para as mobilizações e marca o Dia da Consciência Negra. Já no dia 23/11, o teatro Mapati exibe o documentário: “A voz e delas: histórias não contadas de mulheres sindicalistas'' seguido de debate sobre a violência de gênero. O dia 25/11 marca o lançamento da campanha de combate ao assédio nas redes. No dia 2/12, será realziado seminário, ao longo do dia todo, no Teatro dos Bancários.  O documentário: “Verde Esperanza” será exibido e debatido no auditório da CUT-DF em 8/12 e, no dia seguinte, 9 de dezembro, acontece na chácara do Sinpro-DF uma vivência feminista. Mais informações sobre as atividades podem ser consultadas no card a seguir.  

“Embora o 8 de março seja uma data mais difundida, na campanha dos 21 dias pelo fim da violência contra as mulheres temos a chance de fazer um debate mais aprofundado na sociedade sobre os temas do nosso interesse. É uma oportunidade de pensar sobre as mulheres na sociedade, os papéis e as opressões impostas ao longo dos anos. Para a CUT é extremamente necessária a participação dos sindicatos do DF e do entorno, para garantir a representatividade de vários segmentos e também aumentar a potência de nossas vozes enquanto trabalhadoras”, afirma a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-DF, Thaísa Magalhães. 

Vale lembrar que no Brasil a campanha dos 21 dias de ativismo começa antes do que em outros países e abrange o Dia da Consciência Negra pelo reconhecimento de que, em nosso país, as mulheres negras são duplamente alvo de opressão, pelo patriarcado e pelo racismo. 

* Nome fictício