Escrito por: Marina Maria
A Plenária começou ontem (26) e vai até amanhã (28). Ao longo dos dias, acontecem vários debates e a aprovação das estratégias e plano de lutas da Central, que vai nortear as ações da entidade
Quase 200 dirigentes CUTistas participaram, na noite desta quinta-feira (26), do primeiro dia da 16° Plenária Estatutária da CUT-DF. O evento acontece pela primeira vez no formato virtual devido às restrições impostas pela pandemia. A abertura da atividade contou com a participação do ex-presidente Lula, que enviou um vídeo de saudação aos sindicalistas.
Além disso, representantes das frentes Brasil Popular, Povo Sem Medo, da Central de Movimentos Populares (CMP), do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Associação Vida e Justiça também participaram deste primeiro momento, que contextualizou sobre a conjuntura em que acontece a plenária e a importância da organização da classe trabalhadora. Foi realizada ainda uma homenagem aos quase 580 mil trabalhadores e trabalhadoras que perderam a vida em virtude da Covid-19 no país.
“Essa plenária aponta caminhos para o próximo momento da CUT. Vivemos no momento uma situação drástica com o agravamento da pandemia e da crise econômica. Temos o dever de refletir sobre o que essa situação trouxe para a classe trabalhadora, quais são os impactos disso tudo e os desafios na defesa dos direitos da classe, que enfrenta uma enorme precarização”, afirmou o presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues.
O sindicalista também relembrou os principais ataques à classe trabalhadora desde o golpe de 2016, quando a presidenta Dilma sofreu um impeachment sem cometer nenhum crime.
“No dia 07 de setembro precisamos dar um grande grito da sociedade pelo Fora Bolsonaro e tudo o que ele representa. Também, a nível local, é necessário que tenhamos estratégias para organizar nossa luta contra o governo Ibaneis”, conclamou o presidente da CUT-DF.
Instrumentos de luta
O ex-presidente Lula, um dos fundadores da Central Única dos Trabalhadores enviou um vídeo para saudar os sindicalistas nas plenárias estaduais. “Temos uma crise sem precedentes na história do país, o governo não cuidou de forma responsável, ele tem culpa de parte das mais de 567 mil mortes, poderia ter evitado isso se tivesse feito o que a ciência mandou fazer, o que a inteligência mandou fazer. Ele não acreditou no Coronavírus, não acreditou na vacina, na máscara, no isolamento, ainda receitou remédio e montou uma verdadeira fábrica de corrupção que a gente está vendo agora na CPI”, afirmou.
Para o ex-presidente da República, “a CUT é uma peça extraordinária nesta máquina de transformação social que é o povo brasileiro”. Lula ainda criticou Bolsonaro, afirmando que o governante, ao invés de discutir temas fundamentais para a população neste momento, como desenvolvimento, infra-estrutura, saúde, educação e ciência, faz uso de seu cargo para levantar questões inócuas como, por exemplo, o voto impresso. “Esse país que vocês têm que ajudar a mudar, nos dar a palavra de ordem, nos dizer o que fazer. Estou pronto para ler as resoluções de vocês”, incentivou a liderança.
O presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, também enviou uma fala destacando a importância do evento na conjuntura que o país enfrenta. “Estamos em uma situação de grave desemprego, ⅓ da população está desempregada ou em empregos informais. Ao mesmo tempo há um novo ataque aos direitos trabalhistas, que é a carteira verde e amarela. Precisamos preparar a CUT para enfrentar o novo mundo pós pandemia”, afirmou o dirigente.
Aliança com os movimentos sociais em defesa da democracia
Cristiane Santos, da Frente Brasil Popular e da Central de Movimentos Populares (CMP), destacou a importância da CUT como um instrumento de representatividade e liderança, sobretudo nas lutas do DF. “Estamos vivendo uma crise de representação, as pessoas não se sentem representadas por ninguém, mas mesmo assim a CUT continua sendo um espaço muito central de liderança”, afirmou.
A militante também falou sobre o ódio de classe e a necessidade de retomar a conscientização da população enquanto classe trabalhadora. “As pessoas que nos governam nos odeiam, querem nos matar. Por isso precisamos aprofundar cada vez mais a unidade de classe e convencer nossos camaradas que somos todos classe trabalhadora, pois essa consciência é o que faz toda a diferença”, analisou Cristiane.
A ativista destacou ainda as ações de solidariedade que a Central realizou e apoiou ao longo da pandemia. “Arrisco a dizer que a CUT salvou muita gente de passar fome nessa pandemia. As entidades que fazem parte da CMP têm toda gratidão por vocês entenderem o papel de unidade e solidariedade de classe. Por entenderem esse momento que é muito frágil para a classe trabalhadora organizada e mais ainda para a não organizada”, afirmou.
A secretária de Comunicação e coordenadora da Plenária, Ana Paula Cusinato, destacou o desafio de realizar um evento dessa magnitude, em formato virtual, porém, segundo a dirigente, era necessário que a atividade acontecesse, pois é urgente a organização e a mobilização para enfrentar a ofensiva do governo. “Temos o grande desafio de representar a classe trabalhadora nesse momento. Por meio dessa plenária poderemos ampliar e amadurecer o debate, com os 277 delegados sindicais que representam trabalhadoras e trabalhadores do DF e entorno”, analisou a sindicalista.
Ao longo dessa quinta-feira, 250 delegados sindicais CUTistas se inscreveram para a 16° Plenária Estatutária da entidade. A atividade será retomada logo mais, às 18h.