Escrito por: Marina Maria

Unidade e solidariedade para barrar os ataques à classe trabalhadora

Reunião da diretoria ampliada da CUT-DF aborda os desafios e as possibilidades de enfrentamento 

Marina Maria

PEC 32, privatizações, acordos coletivos, inclusão, estratégias para barrar a ofensiva do governo Bolsonaro contra as trabalhadoras e trabalhadores do país. Estes foram alguns dos temas discutidos por dirigentes sindicais de diversos setores durante a reunião da diretoria ampliada da CUT-DF, que aconteceu no último sábado (16) na chácara do Sinpro-DF. 

O presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues, iniciou a atividade contextualizando os convidados sobre o local, que é um espaço construído com base em um projeto ambiental desenvolvido todo com bioconstrução, reaproveitamento de madeira, e até mesmo garrafas pet, que preenchem as paredes de um dos prédios. Rodrigo ainda destacou que o local homenageia Chico Mendes, importante sindicalista e ambientalista, que explorou a união da pauta do meio ambiente com a defesa dos direitos da classe trabalhadora. 

Para o secretário de Meio Ambiente da CUT-DF, Henrique Torres, a questão ambiental interfere na luta de classes, e é necessário avançar na representatividade sociopolítica, pensar nas condições de vida das trabalhadoras e trabalhadores por meio de pautas transversalizadas. Tendo em vista esse argumento, o sindicalista convocou os sindicatos CUTistas a montarem coletivos de meio ambiente, buscando pessoas dispostas a pensar esses temas nas bases de cada categoria. 

Já o secretário geral da CUT-DF, Roberto Miguel, aproveitou o momento da abertura do evento para destacar a importância do encontro, que segundo ele, foi uma grande oportunidade para trocar ideias, experiências e debater estratégias de mobilização conjuntas. 

PEC 32: Solidariedade em defesa do funcionalismo 

A secretária de Comunicação da CUT-DF, Ana Paula Cusinato, falou sobre as mobilizações que têm acontecido contra a PEC 32 e enfatizou a solidariedade de classe, um dos princípios CUTistas que ela presenciou ao longo da luta contra a proposta do governo federal. “Um companheiro comerciário, ao longo das manifestações contra a PEC, fez uma fala que até me emocionou, explicando que esta é uma luta na qual toda a sociedade precisa se engajar. Esse é o princípio da nossa Central, que precisa ser mostrado e reforçado nas nossas bases”, afirmou. 

O assessor parlamentar do Partido dos Trabalhadores no Senado Federal, Marcos Rogério, participou da atividade e contextualizou os sindicalistas sobre a correlação de forças dentro do Congresso Nacional. 

“A PEC 32, na sua versão original foi derrotada em função da luta e mobilização que vocês fizeram, mas o texto que foi aprovado na comissão especial segue sendo muito ruim. O governo foi derrotado na proposta de criar cinco novos vínculos e na proposta que concentrava todo o poder na mão do presidente, por exemplo”, explicou Marcos Rogério. 

Apesar disso, a Proposta continua apresentando diversos problemas para os servidores e o funcionalismo em geral, segundo o assessor parlamentar. “A proposta pretende ampliar a possibilidade de contrato temporário, que poderá ser utilizado para todas as áreas e terá 10 anos de duração. Ou seja, a regra do serviço público pode se tornar a contratação por esse meio, não existindo, portanto, concurso público ou estabilidade, o que pode promover a substituição de servidores de carreira por estes contratados temporariamente pelos políticos e governo”, afirmou. 

Privatizações 

Várias categorias relataram que as empresas públicas em que trabalham estão sofrendo processos de privatização, que acontecem de várias formas. Bancos, companhias de energia, a Petrobrás, os Correios e o Detran, são algumas das empresas que passam por esse processo, enfrentando a resistência das trabalhadoras e trabalhadores do setor. 

Amanda Corsino, presidenta do Sintect-DF, falou sobre as tentativas de privatização dos Correios e como a categoria está resistindo, com mobilizações dentro e fora do Senado Federal, Casa que atualmente analisa o projeto de privatização da empresa. A sindicalista destacou ainda a importância de defender os Correios públicos, garantindo a universalização postal e os direitos de toda a população, não apenas daqueles que vivem em grandes centros urbanos. 

“A iniciativa privada não tem nenhum interesse em atuar fora do eixo Sul e Sudeste, por exemplo. O projeto de privatização também não especifica quem vai entregar os livros didáticos, remédios, vacinas, a prova do Enem, por exemplo”, afirmou. 

Acessibilidade e inclusão

Outro ponto de pauta que teve destaque na reunião foi a acessibilidade e inclusão de trabalhadoras e trabalhadores negros, com deficiência e LGBTQIA+, grupos que são constantemente invisibilizados e postos como alvo de uma série de opressões. 

O secretário de políticas sociais e direitos humanos da CUT-DF, Cleber Soares, destacou a importância dos coletivos de pessoas com deficiência e LGBTQIA+ e reafirmou a necessidade da difusão dessas discussões nas bases.  “Sobretudo nesse momento, porque os  direitos humanos estão sendo atacados, subalternizados, é preciso enfrentar esses ataques, nos seus sindicatos e categorias e incentivarem esses coletivos”, afirmou. 

Thaísa Magalhães, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-DF, informou que haverá um curso de formação em oratória e história do sindicalismo para as companheiras, que deve acontecer entre o fim de 2021 e o início de 2022. 

Já Ana Paula Feminella, do coletivo de trabalhadoras e trabalhadores com deficiência, destacou que o maior desafio e pauta que deve ser defendida para esse grupo é o cumprimento da lei de cotas. “Os trabalhadores com deficiência enfrentam muitas barreiras, descriminação, falta de acessibilidade no emprego, que dificulta a permanência no mesmo, dentre outros problemas. Precisamos exigir, cobrar dos empregadores, o cumprimento dessa legislação, que para nós é de fundamental importância”, afirmou.

Samantha Nascimento, secretária de Combate ao Racismo da CUT-DF, afirmou que o mês de novembro será de intensa mobilização em virtude do dia da consciência negra, com cineclube, panfletagem e conscientização também nas redes. 

Dentre os encaminhamentos definidos na reunião da CUT-DF, estão a divulgação e participação das atividades propostas pelas secretarias e categorias, a construção de um coletivo de Comunicação das entidades CUTistas do DF e entorno e a intensificação das atividades presenciais, seguindo todos os protocolos de segurança sanitária.