MENU

Trabalhadores vão às ruas com Lula e a esperança de dias melhores

Após dois anos com atividades virtuais, o Dia dos Trabalhadores e das Trabalhadoras foi comemorado nas ruas. Neste ano, o tom foi o da esperança de resgatar os direitos retirados desde o golpe de 2016

Publicado: 02 Maio, 2022 - 12h28 | Última modificação: 02 Maio, 2022 - 13h14

Escrito por: Vanessa Galassi

notice

Depois de dois anos com atividades virtuais, devido à pandemia da Covid-19, a CUT-DF voltou a fazer as comemorações do Dia dos Trabalhadores e das Trabalhadoras nas ruas. Neste ano, a cinco meses da realização das eleições gerais, o tom do 1º de maio que reuniu centenas de pessoas no estacionamento da Funarte foi o da esperança de resgatar os direitos retirados desde o golpe de 2016.

“A classe trabalhadora precisa se organizar nos comitês de luta, nos sindicatos, se organizar nos movimentos sociais. Nós somos o Brasil que trabalha, e precisamos ter orgulho de ser classe trabalhadora, pois somos nós que fazemos esse país. O momento é de luta para resgatarmos nossos direitos. Lula traz essa esperança de dias melhores”, disse o presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues.

 

Embora a política do governo Bolsonaro imponha ao povo tristeza e desespero, o 1º de maio desse ano mostrou que a vontade da classe trabalhadora de lutar se mostra ainda maior. Talvez porque já foi provado ao povo que é possível ter comida, emprego, renda; é possível ter educação, saúde, lazer; é possível ser feliz. Isso foi expresso em cada rosto emocionado, em cada dança alegre de quem ouviu as canções de Gonzaguinha cantadas por Ale Terribili nesse Dia dos Trabalhadores e das Trabalhadoras. “Gonzaguinha traduziu como ninguém o dia a dia da classe trabalhadora”, disse Ale Terribili, que inspirou ao trazer na sua voz potente versos como “Somos nós que fazemos a vida como der, ou puder, ou quiser”.

Ale Terribli em show do 1º de maio da classe trabalhadora, no estacionamento da Funarte 

Aqui também

A política antipovo implantada pelo governo Bolsonaro e repetida pelo governador do DF, Ibaneis Rocha, também é segmentada. Os prejuízos foram lembrados nesse 1º de maio.

A educação, por exemplo, foi um dos grandes alvos do governo federal. Milton Ribeiro, o último dos quatro ministros que passaram pelo Ministério da Educação na gestão Bolsonaro, pediu exoneração uma semana após vazamento de áudio que o mostrava dizendo priorizar repasse de verbas a municípios indicados por um pastor evangélico a pedido do presidente.

A pasta da educação também é a mais atingida com os cortes orçamentários. Segundo levantamento feito pela BBC, na previsão de gastos do governo para 2022, o MEC perde R$ 739,8 milhões.

No DF, a educação vem sendo tratada com o mesmo descaso. A categoria do magistério público está há sete anos sem reajuste salarial e há oito anos sem reajuste no auxílio-alimentação. Isso sem falar na superlotação das salas de aula, no número insuficiente de monitores e até de professores.

“É dessa forma, desvalorizando a educação, que avança o projeto de retirada de direitos. Isso porque a educação é definitiva para que as pessoas tenham pensamento crítico, confrontem o sistema imposto, não aceitem perdas caladas. E eles não querem isso. Mas nós estamos na luta, e não descansaremos enquanto não tivermos um DF e um Brasil onde a educação seja prioridade”, disse a dirigente do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF), Luciana Custódio.

Entreguista

A privatização das empresas estatais foi uma das principais pautas de Jair Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018. Durante a camapanha, ele chegou a dizer várias vezes que um de seus sonhos era a economia liberal. E o mercado comprou Bolsonaro.

Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro apresentou plano de governo dizendo que iria "reduzir em 20% o volume da dívida (pública) por meio de privatizações, concessões, venda de propriedades imobiliárias da União e devolução de recursos em instituições financeiras oficiais". Quatro anos se passaram, privatizações foram realizadas como nunca e o país está em uma das piores crises econômicas da história. Entre as empresas privatizadas, estão a BR Distribuidora e Liquigás e campos de petróleo da Petrobras.

“Outras empresas continuam na mira da privatização. Entre elas, os Correios, que foi incluído no Programa Nacional de Desestatização (PND). Esse projeto foi aprovado na Câmara e depende agora de autorização do Senado. Não fosse nossa luta, a empresa já estaria nas mãos da iniciativa privada, assim como outras, como a Eletrobras, por exemplo. O que querem é simplesmente entregar o Brasil. E é para denunciar e combater essa política privatista e entreguista que estamos aqui neste 1º de maio”, disse a presidenta do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos do DF, Amanda Corcino.

Juventude na rua

Esse Dia dos Trabalhadores e das Trabalhadoras também reuniu a juventude, um dos principais alvos da política bolsonarista. Desemprego e falta de acesso à educação atacaram esse segmento em cheio. Isso sem falar na juventude negra, que morreu pela mão do Estado como nunca na última década.

“É importante a gente estar mobilizado, a gente botar a cara na rua nesse 1º de maio, ainda mais nós jovens, que no momento de pandemia e do governo Bolsonaro fomos excluídos das políticas públicas. A gente precisa ter acesso à educação, ao primeiro emprego; acesso a trabalho e renda também. Por isso, precisamos estar juntos com a classe trabalhadora e lutar pelos nossos direitos", disse o integrante do Levante Popular da Juventude Gabriel Remus.

Sequestro

Às vésperas do 1º de maio, Bolsonaro, mais uma vez, mostrou que não abrirá mão de ações rasteiras para desmontar completamente o Brasil. Ele convocou seus apoiadores a realizarem atos contra o Supremo Tribunal Federal (STF).

"Estamos vivenciando um sequestro do Estado democrático de direito. Querem sequestrar inclusive o 1° de maio. Construiremos uma trincheira, tecida com muita determinação por um país que já vivenciou uma etapa sem fome e com dignidade. Esse é o Brasil onde a gente vai mostrar que não voltaremos para os manicômios, a gente não voltará para os armários, para as senzalas. Não vamos voltar para a opressão. Por isso, nessas próximas eleições, a gente vai dizer não a Jair Bolsonaro e vai dizer sim à faixa presidencial no peito do povo brasileiro, com Luiz Inácio Lula da Silva”, disse a deputada federal Erika Kokay (PT-DF).

Lula e o povo

Em ato realizado em São Paulo pela CUT Brasil , nesse Dia dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, o ex-presidente Lula lembrou que é possível fazer um Brasil diferente.

“Todos vocês, mesmo os jovens, têm um parente que já viveu melhor quando eu governava esse país. No tempo em que eu governava, o salário mínimo tinha aumento real. Além da inflação, a gente dava o valor do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do ano anterior. Isso fez o mínimo ter 77% de aumento real”, disse Lula.

Lula também lembrou que o país que hoje tem 19 milhões de pessoas sem ter nada para comer e metade da população com algum tipo de insegurança alimentar também já foi o país fora do mapa da fome. Além disso, o Brasil que hoje tem 12 milhões de desempregados e outros tantos milhões com relações de trabalho totalmente precárias, foi o Brasil que abriu 22 milhões de vagas de emprego com careteira assinada no governo petista. “Se preparem, se tivermos um novo presidente, vamos sentar numa mesa de negociação para a gente reestabelecer as condições de trabalho e os direitos dos trabalhadores”, disse Lula