Trabalhadores dos Correios aprovam indicativo de greve para 12 de setembro
A deliberação foi tomada diante da proposta insuficiente apresentada pelos Correios para campanha salarial de 2023
Publicado: 24 Agosto, 2023 - 13h31 | Última modificação: 24 Agosto, 2023 - 14h18
Escrito por: Sintect-DF com edição da CUT-DF
Diante da proposta insuficiente dos Correios para a campanha salarial de 2023, os trabalhadores e as trabalhadoras dos Correios do DF aprovaram, por unanimidade, indicativo de greve para 12 de setembro. No mesmo dia, a categoria decidirá os rumos do movimento. A deliberação foi tomada em assembleia realizada na última terça-feira (22).
De acordo com o Sintect-DF, o documento com 60 pontos apresentava valorização de cláusulas sociais. Entretanto, quanto à pauta econômica, nada mudou. Além de não retomar as cláusulas econômicas, como o Vale Cultura e o Vale Peru, por exemplo, a oferta ainda apresenta reajuste de 90% do INPC (3,18%), o que não repõe nem a inflação do período. Além disso, o percentual seria aplicado apenas em janeiro de 2024 e valeria por dois anos.
“O projeto de governo que nós elegemos nas urnas é o projeto de recuperação dos nossos direitos, de tudo que foi retirado no governo Bolsonaro. É urgente que a empresa retome e valorize as cláusulas econômicas. O próprio presidente Lula falou que nós temos que cobrar, que reivindicar; e é isso que nós vamos fazer. Somos uma das categorias mais atacadas nos dois últimos governos e queremos ser ouvidos”, afirma a presidenta do Sintect-DF, Amanda Corcino.
A dirigente sindical lembra ainda que, atualmente, uma das questões que mais pesa no bolso dos trabalhadores e das trabalhadoras ecetistas é o plano de saúde oferecido pelos Correios, comprometendo o salário da categoria em até 30%.
“Muitas pessoas saíram do plano porque conseguem outros mais em conta até no mercado comum. Isso porque o desconto do nosso plano é em cima da remuneração do trabalhador e não do salário base. Então, se você faz hora extra, o desconto aplica-se em cima disso também. Estamos discutindo com a empresa que qualquer desconto tem que ser em cima do salário base, como acontece com qualquer empresa pública”, justifica a presidenta do Sintect-DF.
O fato de a proposta dos Correios ter dois anos de vigência também é rechaçada pelos trabalhadores e pelas trabalhadoras dos Correios. “As experiências que tivemos com acordos bianuais foram traumáticas. Em 2009, até tivemos avanço financeiro, mas ficamos dois anos sem discutir as condições de trabalho. E da outra vez, no governo Bolsonaro, a gente aceitou, mas a empresa recorreu e o STF anulou a vigência. Qual a garantia que a gente tem de que agora isso não acontecerá? Cada ano é uma conjuntura e, portanto, uma negociação”, reforça Amanda.
Pressão
Na próxima terça-feira (29), o Sintect-DF entregará formalmente aos Correios o resultado da assembleia. “Estamos à disposição para retornar às negociações a qualquer momento”, diz a presidenta do Sindicato.
Até o dia 12 de setembro, data do indicativo de greve dos trabalhadores dos Correios, o Sintect-DF intensificará a realização de ações que corroborem para a conquista da pauta de reivindicação da categoria.
“Estamos buscando reuniões com parlamentares, o apoio da CUT, e trabalhando por liberação de recursos via Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST). Além disso, estamos elaborando uma carta para o presidente Lula, para dizer que tudo o que passamos, os ataques, as investidas criminosas, que não podem ser esquecidos. O presidente dos Correios tem que fazer uma proposta digna, condizente com o que o próprio governo aponta como valorização”, afirma Amanda Corcino.
Já o representante do Comando de Negociação do Sintect-DF, Jardel Souza Machado, convoca a categoria para intensificar a mobilização.
“Hoje, a gente continua com todos os problemas acumulados há seis anos. Mas elegemos um governo diferente, e vamos fazer o que a gente sempre fez: lutar pela valorização do trabalhador e da trabalhadora dos Correios. Para isso, é preciso unidade. Vamos fortalecer essa mobilização para garantir avanços. E, se preciso, vamos para a greve”, afirma.