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Tempo de Plantar | Mais que plantar árvores, defender vidas

A ação, que também ocorreu em outras cidades do país, levou uma mensagem de luta em defesa da vida e contra governos retrógrados e genocidas, como o de Bolsonaro e de Ibaneis

Publicado: 08 Dezembro, 2020 - 10h49 | Última modificação: 08 Dezembro, 2020 - 11h53

Escrito por: Leandro Gomes

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Nesse domingo (6), a CUT-DF, o Partido dos Trabalhadores do DF, a Frente Brasil Popular e diversas outras entidades se juntaram ao movimento regenerativo Tempo de Plantar 2020, uma ação que acontece todos os anos e tem como objetivo plantar mais de 1 milhão de árvores em apenas um dia.

Espalhados em pontos estratégicos pela capital federal, dirigentes da Central e militantes dos movimentos envolvidos plantaram centenas de mudas de plantas nativas do cerrado. A ação, que também ocorreu em outras cidades do país, teve um propósito bem maior: a defesa da vida, que se tornou uma luta fundamental em tempos de governos retrógrados e genocidas, como o de Bolsonaro e de Ibaneis.

"A árvore é um dos símbolos mais fortes da vida, da evolução, da qualidade de vida. Nesse sentido, além de reconectar o ser humano à natureza, queremos trazer uma mensagem de defesa da vida de todas e de todos.Vidas essas que estão em jogo nos governos negligentes de Ibaneis, no DF, e de Bolsonaro, a nível federal", disse o secretário de Meio Ambiente da CUT-DF, Henrique Torres.

Vidas em jogo

E, de fato, a vida do povo brasileiro nunca esteve tão ameaçada. Com a crescente elevação dos casos e mortes pelo coronavíruse com a ausência de políticas públicas para barrar o avanço da doença, fica claro que a defesa da vida não é prioridade no governo Bolsonaro.

Enquanto países chefiados por governantes com o mínimo de consciência social avançam na compra da vacina da Covid-19, no Brasil, Bolsonaro segue desdenhando os impactos da doença. O que está imposto ao povo brasileiro é uma provável segunda onda do coronavírus e não há sequer previsão de quando o país receberá a imunização.

Como se não bastasse, o desmonte da ciência, tecnologia e inovação, impulsionado pelo governo, tem dificultado o avanço das pesquisas sobre o tema. Com Bolsonaro, a área teve cortes significativos nos investimentos e formação de cientistas, comprometendo, assim, a qualidade de vida da população.

Privatizações

As privatizações de estatais que prestam serviços públicos essenciais à população é outra questão que coloca em risco a vida do povo brasileiro. Na quarta-feira (2), o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), secretaria especial do Ministério da Economia que coordena privatizações, concessões e parcerias público-privadas, anunciou uma lista com 11 empresas públicas federais que devem ser privatizadas até 2022. Entre elas estão os Correios e a Eletrobrás, estatais fundamentais para o desenvolvimento social e econômico do país.

Em outubro deste ano, Bolsonaro chegou a publicar um decreto que abria brechas para a privatização das Unidades Básicas de Saúde. Isso, em meio à pandemia, quando a população mais precisa dos serviços de saúde públicos e fortalecidos. De imediato, um forte movimento encabeçado por entidades progressistas surgiu nas redes e a hashtag #DefendaoSUS ficou entre os assuntos mais comentados. Sentido o efeito negativo, Bolsonaro recuou e revogou o decreto.

No DF, o governador Ibaneis Rocha (MDB) segue a mesma cartilha privatista de Bolsonaro. Na última sexta (4), a Companhia Energética de Brasília foi vendida à iniciativa privada em um leilão que tem levantado muitos questionamentos.

Isso porque horas antes de o evento acontecer, a desembargadora do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) Fátima Rafael suspendeu a venda com base no entendimento de que o processo de venda da estatal deveria passar pelo Poder Legislativo. O STIU-DF, sindicato que representa os trabalhadores da CEB, destacou que o leilão é ilegal e que buscaras os meios cabíveis para anular privatização.

Além da CEB, empresas como Metrô, Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), Banco de Brasília (BrB) e outras estão na mira de Ibaneis para a privatização.

“Ao dar sequência ao projeto de privatizações, os governos de Ibaneis e Bolsonaro tornam evidentes o descaso à vida. As empresas públicas e fortalecidas são fundamentais para a universalização de serviços básicos à população. Entregar essa responsabilidade nas mãos da iniciativa privada significa distanciar a população mais pobre de serviços essenciais à vida humana, como saúde e educação, por exemplo”, disse o presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues. 

Meio ambiente

Até mesmo o meio ambiente, essencial para a vida humana segue em risco no governo Bolsonaro. Liderado por Ricardo Salles, o Ministério do Meio Ambiente gastou apenas 0,4 % da verba anal para preservação da biodiversidade e combate às mudanças climáticas.

As políticas de Bolsonaro no combate às queimadas e ao desmatamento também deixam a desejar. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) aprontam que este ano as florestas do país sofreram 18 mil queimadas a mais em comparação com as ocorrências nos demais países da América do Sul.  Em vez de formular ações concretas que inibam as ações criminosas, o governo segue espalhando fakenews e jogando a culpa em ambientalistas.

Para o professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH) Cristiano Luis Lenzi, esse descaso ocorre porque o governo enxerga a preservação ambiental como um elemento de contraposição ao princípio econômico liberal que vem sendo adotado.

“O ministro Salles parece representar uma onda desregulamentadora tardia que vê as leis ambientais como ‘grilhões’ que impedem a eficiência do mercado. O que significa que a política ambiental é uma extensão da agenda econômica que o atual governo busca seguir”, afirmou.  

Movimento Tempo de Plantar

O movimento Tempo de Plantar nasceu aqui no Distrito Federal com o ativista ambiental Paulo César, 56 anos ejá tem tomado outras cidades do Brasil e do mundo. Durante todo o ano, o grupo − dividido em Comitês ─ realiza inúmeras reuniões para organizar o movimento. No encontro, os voluntários preparam mudas, coletam sementes, trocam experiências e preparam as mudas para o plantio.