Escrito por: Leandro Gomes
A CUT-DF e outras entidades realizaram ato em frente ao Palácio do Buriti na tarde desta terça-feira (15) exigindo a imediata vacinação da população do DF contra a Covid-19
A pandemia do coronavírus escancarou as desigualdades e tem deixado um rastro devastador em todo o mundo. No DF, de entre março e dezembro, o número de pessoas que perderam a vida para o vírus passa de 4 mil. Até a atualização desta matéria, a capital federal registrava mais 240 mil casos de contaminação, estando em estado de alerta. Os dados sobre desemprego em meio à pandemia também são assustadores. Já são 407 mil desempregados, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Covid-19.
Em meio a esse cenário caótico, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), segue alinhado à política negligente de Bolsonaro e, até o momento, não apresentou um plano de vacinação contra a Covid-19, como fizeram os estados de São Paulo e Espirito Santo, por exemplo.
Para pressionar o governador e exigir a imediata vacinação da população do DF, a CUT-DF, a Federação dos Trabalhadores no Comércio e Serviço do DF (Fetracom) e outras entidades realizaram ato em frente ao Palácio do Buriti na tarde desta terça-feira (15). Com faixas e cartazes diversos, o grupo manifestou o desejo da população do DF pela vacina e reafirmou o que deveria ser óbvio para os governantes: vidas são prioridade!
Uma das faixas com os dizeres “Você quer vacina? BUZINE” instigou a população que voltava do trabalho a também deixar seu recado. Durante todo o período em que a faixa ficou aberta, centenas de trabalhadoras trabalhadores que passavam pelo local se uniram à mobilização com buzinaço.
“Estamos aqui hoje exigindo o direito de vacinação para todas e todos do DF. A CUT-DF, seus sindicatos filiados e vários movimentos estão aqui presente exigindo que o governador do DF apresente um plano de vacinação para a população. Precisamos dessa vacina para salvar vidas, para voltarmos as nossas atividades e para termos a retomada do emprego no DF. Por isso, vacina, já!”, disse o presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues.
A atividade contou com a participação de inúmeras entidades e organizações que levaram uma mensagem de luta em defesa da vida. “Nós queremos a vacina contra a Covid-19 para toda a população e, sobretudo, para as trabalhadoras e os trabalhadores que estão as ruas todos os dias. Somos a favor da vacina e queremos que a população seja imunizada o quanto antes”, afirmou o presidente da Fetracom, Alberto Santos, que participou da atividade.
O vice-presidente da Fetracom e presidente do Sindicato dos Bombeiros Civis do DF, Felipe Araújo, reforçou que a luta é em defesa da vida e criticou o alinhamento do chefe do executivo do DF à política genocida de Bolsonaro.
”Bolsonaro é contra a vacina. Bolsonaro é a favor das mortes no país e não dá para o brasiliense viver dessa forma. Nós, trabalhadores do DF, queremos sair das nossas casas, sustentar nossas famílias, mas precisamos da vacina para ter segurança que voltaremos para casa com vida e saudáveis”, afirmou.
Plano distrital de vacinação
Nessa segunda-feira (14), Ibaneis Rocha sancionou uma lei que determina um prazo de 30 dias para o GDF apresentar um plano de vacinação contra a Covid-19. A proposta é de autoria dos deputados Chico Vigilante (PT) e Rafael Prudente (MDB).
A presidente do Conselho de Saúde do DF (CSDF), Jeovânia Rodrigues, apontou que é necessário a construção de um grande movimento popular em torno de um programa de imunização com a participação de todos os entes federados e que seja capitaneado pelo Ministério da Saúde.
“Um plano concreto em que a vacina chegue em tempo mais rápido possível. Estamos vivendo um cenário bastante crítico e dispor do arsenal de vacinação o quanto antes é fundamental. Os governos federal e distrital precisam primar pelas vidas, deixando em segundo plano brigas políticas e projeções para as eleições de 2022”, afirmou Jeovânia.
A presidente do CSDF destacou ainda que o plano de vacinação a ser apresentado pelo GDF deve ser bem construído e centralizado, o que depende de posicionamento imediato do Ministério da Saúde. “O risco descentralizar a campanha é o mesmo que ocorreu na luta contra a covid-19, em que cada um fez de um jeito. Isso impossibilita que a estratégia assistencial tenha sucesso. A história mostrou que é possível ter um plano de imunização eficaz, como já ocorreu com as vacinas da H1N1”, afirmou.
Âmbito federal
No entanto, se depender do governo federal, a vacinação pode demorar. A pandemia foi decretada em março, mas o Brasil ainda está sem um comando nacional de combate à Covid-19 e entre os países com maior número de contaminação e mortes pelo vírus. Ao todo, são mais de 181 mortes e quase 7 milhões de infectados em todo o país.
Mesmo com os números alarmantes, Bolsonaro nega as evidências cientificas e contínua chamando o vírus de “gripezinha”, como faz desde o início da pandemia. O plano de vacinação apresentado pelo governo federal ao Supremo Tribunal Federal no último sábado (12) é uma comprovação de como Bolsonaro brinca com vidas.
Além de ser insuficiente, o documento deixa de fora do grupo prioritário segmentos vulneráveis, como pessoas com deficiências, e não determina uma data para início das imunizações. Como se não bastasse, 36 especialistas que integram o grupo “Eixo Epidemiológico do Plano Operacional Vacinação Covid-19” ─ que assessorou o governo na elaboração do plano ─ afirmaram que não autorizaram suas assinaturas no documento.
“Nós, pesquisadores que estamos assessorando o governo no Plano Nacional de Vacinação da Covid-19, acabamos de saber pela imprensa que o governo enviou um plano, no qual constam nossos nomes e nós não vimos o documento. Algo que nos meus 25 anos de pesquisadora nunca tinha vivido!”, afirmou a epidemiologista Ethel Maciel pelo Twitter.