Por mais transparência do iFood, entregadores do DF paralisam nesta sexta (22)
Os trabalhadores denunciam que estão sendo bloqueados, não estão recebendo seus repasses ─ valor recebido pelo tempo trabalhado ─, além de não haver abertura de diálogo por parte da empresa
Publicado: 19 Julho, 2022 - 13h30 | Última modificação: 20 Julho, 2022 - 09h22
Escrito por: CUT-DF
Na próxima sexta-feira, (22), os entregadores por aplicativo do Distrito Federal (DF) realizam novo breque. Desta vez, a mobilização é contra a falta de transparência do iFood em relação aos bloqueios sem justificativa, que tem afetado diversos trabalhadores. A categoria denuncia também que o repasse semanal não está sendo depositado pela empresa, e que não há canais de diálogo acessíveis para resolver o problema. Além da paralisação, na data, os entregadores realizarão protesto em frente ao Congresso Nacional.
O presidente da Associação de Motoboys, Autônomos e Entregadores do Distrito Federal (AMAE-DF), Alessandro Conceição ─ mais conhecido como Sorriso ─ destacou que o bloqueio acontece em todo o DF, principalmente, no Setor de Mansões Dom Bosco e em São Sebastião. De acordo com Sorriso, os entregadores estão sendo banidos por 48 horas após receberem uma mensagem da empresa afirmando que “sua conta está com comportamento suspeito e pode gerar uma remuneração muito acima do normal e trata-se de uso incorreto e indevido da plataforma”.
“Nenhum de nós, trabalhadores que utilizamos a plataforma para trabalhar, sabemos do que se trata, só chega essa mensagem e bloqueia e bane os trabalhadores sem dar nenhuma justificativa. Por isso, estamos nos mobilizando para fazer uma paralisação no dia 22, caso o iFood não nos dê uma resposta, um retorno em relação aos trabalhadores, que são muitos. A gente não consegue falar com ninguém lá no iFood para nos explicar. A gente quer transparência e um jeito de dialogar com a empresa”, afirma Sorriso.
Outro problema enfrentado pela categoria é em relação aos repasses semanais ─ que eram realizados toda quarta-feria, mas que não estão sendo depositados pelo iFood. Leonardo Silva, entregador de aplicativo no iFood há dois anos, conta que, no dia 3 de julho, pela primeira vez, foi notificado sobre o “comportamento suspeito e uso incorreto da plataforma”. No dia seguinte, 4 de julho, foi bloqueado. Desde então, o repasse pelos dias trabalhados não foi depositado em sua conta.
“Estou há duas semanas sem receber o meu dinheiro do repasse semanal, que é feito toda quarta-feira. O iFood não nos oferece nenhum modo de chegar até eles, como chat para ter conversa, telefones para ligar. Tô aqui com minhas contas tudo atrasadas, minha família dentro de casa passando dificuldade”, contou.
Sem o repasse, o entregador teve que investir o próprio dinheiro ─ que já não tem ─ para consertar e abastecer a moto. “Estou trabalhando nesses 15 dias, sem nenhum retorno e estou sem o meu dinheiro até hoje. Não só eu, mas vários outros amigos que estão na mesma situação, e inclusive estão sendo até bloqueados por esse mesmo motivo”, ressalta.
Resposta da empresa
Buscando uma solução para o problema, Sorriso entrou em contato com um responsável da área de comunidade do iFood. Na conversa, o entregador falou sobre as dificuldades enfrentadas pelos colegas e apresentou uma lista com os nomes dos trabalhadores prejudicados pela emprsa. Mas, a resposta foi negativa.
“Infelizmente a resposta que tenho é que eles (entregadores) precisam fazer a contestação pelo próprio aplicativo”, contou.
A CUT também entrou em contato com a empresa, por meio da assessoria de imprensa. Em resposta, o iFood informou que “pode” resolver a situação, só que só via app.
“O iFood recebeu as reivindicações dos entregadores de Brasília e já está agindo nas demandas para trazer uma resposta o mais breve possível. Os entregadores impactados foram identificados e a empresa se compromete com a análise das contestações de desativações em até 72 horas após o recebimento pelo aplicativo, para a reativação imediata”, afirmou a empresa.