Escrito por: Marina Maria/CUT-DF
Atividade aconteceu na CUT-DF e reuniu dezenas de entidades sindicais
A semana começou agitada na CUT-DF. Logo nas primeiras horas da manhã dessa segunda-feira (17), o auditório Adelino Cassis já estava lotado de sindicalistas. Representando trabalhadoras e trabalhadores de categorias diversas, as lideranças participaram de plenária cujo tema de debate foi a Pesquisa de Emprego e Desemprego do DF (PED), do Dieese. Com dados colhidos em dezembro de 2024, a PED foi publicada em janeiro deste ano e apresenta uma realidade do Distrito Federal bem distante dos estereótipos.
O presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues, afirmou que a Plenária fez parte do planejamento da direção estadual da entidade para o ano de 2025, cuja reunião ampliada acontece neste sábado (22). “O objetivo é fazer uma sistematização das agendas de luta dos nossos sindicatos e da CUT deste ano. E para tornar essa reunião mais objetiva, resolvemos antecipar o debate de conjuntura trazendo essa pesquisa, realizada pelo Dieese, uma organização que serve o movimento sindical e na qual confiamos”, disse.
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O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, o Dieese, está presente no mundo do trabalho há quase sete décadas, sempre prestando serviços de assessoria ao movimento. A PED é um dos produtos da instituição e engloba tanto resultados mais gerais quanto estudos mais específicos, que privilegiam os recortes de raça e gênero, por exemplo.
De acordo com a supervisora técnica do Dieese em Brasília, Mariel Angeli, a população em idade ativa do DF (14 a 64 anos) corresponde a 2,6 milhões de pessoas. Destas, 1,7 milhão estão economicamente ativas. “Temos praticamente 1,5 milhão de pessoas trabalhando, mais de 250 mil pessoas procurando emprego e quase 1 milhão de pessoas que não estão procurando emprego e não estão empregadas. É muita gente”, considerou Mariel.
O evento foi transmitido ao vivo pelo canal de youtube da CUT-DF e pode ser visto integralmente aqui.
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A economista do Dieese explicou ainda que a média de desemprego do DF é de 14,2% da população, enquanto a taxa nacional é de 6,2%. Isso se deve a uma série de fatores, inclusive às perdas do serviço público na capital, uma vez que o setor perdeu aproximadamente 5% de seu montante de pessoal entre 2023 e 2024.
Mariel destacou a enorme diferença socioeconômica entre as regiões administrativas do DF e como essa discrepância é explicitada também nos índices de desemprego.
“A própria busca por emprego varia dependendo de onde você mora. O patrão pensa duas vezes como vai contratar a pessoa, se ela vai conseguir chegar ao local de
trabalho se tiver problema de transporte ou se precisa se dedicar aos cuidados com a família”, afirmou a economista.
A renda média do DF no fim de 2024 era de R$ 4.839, considerada elevada se comparada com a média nacional, de R$ 3.200. Apesar disso, o custo de vida também é muito elevado na capital federal, o que acaba impactando os salários. No comércio e reparação, setor responsável por empregar muitos trabalhadores, a média salarial é muito mais baixa, em torno de R$2.149. Enquanto isso, a parcela de trabalhadores com a maior renda é dos servidores públicos de alto escalão no executivo federal, com média de R$ 11 mil.
“A gente tem o grande problema que é emprego de salários baixos. A gente não teve etapas de desenvolvimento para que a renda geral da população crescesse, como vários países tiveram. E, se a gente pensar na estrutura do mercado de trabalho brasileiro, é muito pouco provável que que se tenha mudança significativa na renda se as pessoas continuarem nos mesmos empregos”, pontua Mariel.