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Plenária debate crescimento econômico com valorização da classe trabalhadora

Convidadas destacaram a importância de construir estratégias para reduzir as desigualdades e construir um sistema mais justo para todas e todos

Publicado: 27 Agosto, 2021 - 18h56 | Última modificação: 27 Agosto, 2021 - 20h56

Escrito por: Marina Maria

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É fundamental construir estratégias para reduzir as desigualdades e um sistema mais justo para todas e todos. Foi o que apontou a primeira mesa de debate da 16° Plenária da CUT-DF, cujo tema foi “As relações de trabalho pós-pandemia”.

 A atividade contou com a participação das economistas Marilane Teixeira e Patrícia Pelatieri e apresentou a conjuntura adversa enfrentada pelas trabalhadoras e trabalhadores do país, além dos possíveis caminhos para a retomada do crescimento econômico com distribuição de renda e respeito aos direitos sociais.

 O secretário de Meio Ambiente da CUT-DF, Henrique Torres, coordenou o debate e falou sobre a importância da Central frente às lutas do próximo período.  “A pandemia mudou a vida de todos nós. Houve um forte impacto nas relações de trabalho, nas relações sociais, que não são as mesmas. Ao mesmo tempo, houve um aprofundamento claro das desigualdades sociais e um ataque a todas as formas de vida. Todos nós somos vítimas dessa situação, que deixou seqüelas sociais, psicossociais, físicas, dentre outros”, refletiu o dirigente sindical. 

Os números da desigualdade

A economista e coordenadora Executiva do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Patrícia Pelatieri, destacou que ainda não é possível saber ao certo se esse período de “pós” pandemia existirá, de fato, em um futuro recente, tendo em vista os números de contágio, as variantes e a ineficácia dos governos em conter o avanço do Coronavírus.  “Teremos um cenário depois de um período intermediário onde vamos lidar inclusive com questões emocionais, com o luto, que será muito presente”, considerou.

Patrícia Pelatieri apresentou aos participantes os números que comprovam a imensa desigualdade social que se acirrou com a pandemia. “As 262 empresas que estão na bolsa de valores, tiveram um lucro líquido de 83 bilhões 2020. Os bancos tiveram lucro líquido de 79 bilhões, pra ter dimensão do que é isso, o gasto de toda assistência social de 2019 foi de 92 bilhões gastos com 21 milhões de famílias”, comparou a economista.

 O crescimento da inflação, sobretudo no que diz respeito aos alimentos, combustíveis e outros itens básicos de sobrevivência, foi outro ponto destacado por Patrícia. “A inflação sobre esses itens só está neste patamar porque desde 2015 foram feitas escolhas políticas que resultaram nisso que estamos vivendo hoje. A cesta básica no DF em julho ficou na ordem de R$ 582,35. Estamos falando no básico para uma pessoa comer durante um mês, que correspondeu a mais de 50% do salário mínimo”, informou.

A economista disse ainda que a renda média do Brasil é de R$ 2547 reais por mês, mas 50% dos ocupados ganham até R$ 1500 reais. “90% dos trabalhadores ganham até cinco mil reais, então, esse valor dos alimentos tem um peso enorme na vida das pessoas. São quase 15 milhões de desempregados. Entre 2020 e 2021, houve uma queda na ocupação de seis milhões e 600 mil trabalhadores. São 19 milhões de pessoas passando fome no país”, afirmou Patrícia Pelatieri

Construindo o futuro

Já a economista Marilane Teixeira destacou que as mudanças que acontecerão no futuro dependem da atuação de todos nós no presente. “Quando a gente olha os processos de retomada de crise percebemos que eles ocorrem cada vez de forma mais lenta, o que nos coloca alguns desafios. Precisamos pensar qual vai ser o projeto de retomada do crescimento econômico no próximo período”, afirmou.

Marilane também falou sobre as mudanças tecnológicas, que têm gerado uma automação nos serviços, o que reduz postos de trabalho. “Por exemplo, existem locais em que não precisa mais de caixa de super mercado. No contexto da pandemia de 2020, esse processo foi adotado também na educação, no serviço público, dentre outros”, explicou.   

“Precisamos discutir qual sociedade queremos, assegurar que todo mundo que queira trabalhar possa exercer a sua criatividade. Há quem diga que é um impropério, no momento, discutir sobre a redução do horário de trabalho, por exemplo, mas essa é uma questão central para a geração de emprego. No capitalismo contemporâneo, precisamos pensar qual política de estado temos que defender. Se deixarmos a mercê do capital não teremos nem geração de emprego, nem trabalho digno”, afirmou a Marilane Teixeira.   

Após a exposição das economistas, o debate foi aberto ao plenário, com dez inscrições. Nesse momento, os dirigentes sindicais tiveram a oportunidade de esclarecer dúvidas e interagir com as expositoras. Em seguida, foi aprovado o Regimento Interno que vai nortear o funcionamento da Plenária nos próximos dias.