Escrito por: Marina Maria
Dia Nacional de Luta em Defesa da Aposentadoria e contra a PEC “da morte” movimentou trabalhadoras e trabalhadores em várias cidades
A perspectiva de uma aposentadoria digna está mais uma vez ameaçada no DF, estados e municípios. Isso porque a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 66, em tramitação na Câmara Federal, pode aumentar ainda mais o tempo de contribuição dos servidores, parcelar em até 25 anos os débitos previdenciários e reduzir a remuneração recebida pelos aposentados. Ao redor do país, trabalhadores insatisfeitos com esse ataque aos seus direitos realizaram atos de protesto nesta quinta-feira (24).
Em Brasília, a mobilização aconteceu em frente à Câmara dos Deputados e reuniu diversas categorias do serviço público. Com falas políticas, cartazes, faixas e muita indignação, as trabalhadoras e os trabalhadores presentes mostraram a garra e disposição de luta em defesa dos direitos. As professoras e os professores do DF realizaram ainda uma paralisação com o objetivo de aumentar a visibilidade em torno do tema.
A forte presença dos servidores foi comentada pelo presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues. Para o líder sindical, a mobilização massiva indica a compreensão das pessoas sobre tudo o que está em jogo com esse Projeto. “É uma ameaça à democracia, porque ataca a autonomia dos estados e municípios e ataca o pacto federativo”, afirmou.
Rodrigues destacou ainda a luta contra o confisco das aposentadorias, em julgamento no STF, e o aumento do tempo de espera, que, na prática, inviabiliza o recebimento dos precatórios. “É uma PEC perversa. Se aprovada, vai penalizar os trabalhadores, especialmente as mulheres”, explicou. Isso porque, no caso das professoras, o tempo de contribuição pode aumentar em até sete anos.
Dignidade
A secretária-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Fátima Silva, afirmou que esa é uma luta pela dignidade. “De quem já se aposentou e de quem está na perspectiva de garantir o direito sagrado de viver, conquistar um trabalho, pagar e contribuir com a previdência e usufruir do fruto desse trabalho”, disse a sindicalista.
“Nós nunca esperamos a hora, sempre fizemos acontecer. Se o Senado colocou a PEC 66 esperando que estivéssemos adormecidos e não fôssemos à luta, se enganou, porque hoje estamos aqui nesta Casa e o Brasil todo está mobilizado dizendo não a essa PEC. A nossa luta é por dignidade para quem constrói esse país, e quem constrói esse país é a classe trabalhadora”, afirmou Fátima Silva.
Reforma de Bolsonaro
Rosilene Corrêa, diretora da CNTE, destacou: “não podemos esquecer que estamos tratando da Reforma da Previdência que Bolsonaro fez em 2019, os servidores federais estão amargando, e nós aqui do DF padecemos com o aumento da alíquota”. Originalmente, a PEC 66 trata apenas da ampliação do tempo para que estados e municípios paguem o que devem à previdência. Entretanto, a Proposta recebeu emendas que ampliaram a Reforma de Bolsonaro para todos os servidores.
“Essas são as consequências de um período muito duro para a classe trabalhadora brasileira. Essa luta é de quem acabou de ser nomeado, de quem está aqui lutando para ser nomeado, de quem já está na categoria e de quem já se aposentou”, afirmou Rosilene.
A dirigente indicou ainda a continuidade dessa mobilização. “Hoje é só um momento. Continuaremos juntos em defesa dos nossos direitos. Esse Brasil está em reconstrução e não em desmonte”, concluiu.
Parlamentares do campo progressista também marcaram presença no ato e afirmaram que a expectativa é derrotar a PEC na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, onde tramita no momento.
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