Escrito por: Leandro Gomes
As dirigentes acumulam uma trajetória de lutas que será fundamental para o próximo período
A eleição de duas mulheres do DF para a direção nacional da CUT traz novos ares para a luta do segmento na capital federal. Eleitas no Congresso Nacional da Central (CONCUT), realizado em São Paulo, de 19 a 22 de outubro, as sindicalistas trazem consigo uma bagagem extensa de experiências que contribuirão para a resistência feminista no movimento sindical em todo o país.
Amanda Corcino, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos do DF e Entorno (Sintect-DF), assume a Secretaria da Mulher Trabalhadora. E, Geralda Godinho, secretária-geral do Sindicato dos Comerciários do DF (Sindicom-DF), passa a integrar a direção executiva.
“Estou certa de que a eleição dessas duas companheiras à direção nacional da CUT será mais um passo para todas as sindicalistas rumo a um futuro de mais representatividade, visibilidade e respeito às nossas demandas. A experiência e a força dessas mulheres serão fundamentais para este momento em que a CUT se reinventa para acolher todas as lutas da classe trabalhadora”, destaca a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-DF, Thaísa Magalhães.
Amanda e Geralda têm muito em comum. As sindicalistas são mães, trabalhadoras e figuras marcantes nas grandes mobilizações travadas por suas categorias. Ao longo dos anos, enfrentam árdua batalha contra o machismo no local de trabalho e no próprio movimento sindical.
“Compor a direção Nacional da CUT e poder contribuir com a luta das mulheres aqui no DF é uma honra para mim. Ao longo dos anos, temos sido vítimas de diversos tipos de violência, e nossa resistência é fundamental para dar um basta nessa situação. Sempre fui da luta e agora não poderia ser diferente. Coloco-me à disposição para, ao lado das companheiras, ampliarmos nossos direitos e conquistamos uma sociedade menos desigual”, afirma Geralda.
Muitos desafios
Amanda assume a pasta sob um cenário político mais promissor do que a conjuntura da gestão passada. Entretanto, destaca a dirigente, apesar de o governo Lula estar mais alinhados às pautas das mulheres, ainda há muito desafios a serem superados.
Ela lembra que durante o governo Temer as políticas públicas voltadas ao segmento sofreram diversos ataques. Já o governo Bolsonaro, além de dar continuidade à escalada de retrocessos, usou a visibilidade como presidente para propagar o ódio às mulheres, o que segundo Amanda, contribuiu para a intensificação da violência e do feminicídio no país.
Agora, sob o governo Lula, a sindicalista analisa que a luta deve ser pela recuperação e expansão das políticas públicas para as mulheres. “Lula deu um importante passo e sancionou a Lei da Igualdade Salarial entre homens e mulheres que desempenham a mesma função. Porém independente da lei, precisamos fiscalizar para que tenhamos sua execução efetiva”, disse.
A secretária reforça ainda a necessidade de intensificar a mobilização na capital federal, uma das regiões com maiores índices de feminicídio no Brasil. Foram registrados 29 casos desse tipo de crime este ano, na capital federal.
“Se na presidência tivemos Bolsonaro, que retrocedeu em décadas as conquistas da nossa luta, no DF, temos Ibaneis que executa uma política bastante parecida com a do ex-presidente. Nossa mobilização é mais do que necessária para revertermos esse cenário de violência extrema às mulheres. Que nenhuma de nós seja vítima do feminicídio e da negligência do governo”, disse Amanda.