Escrito por: Marina Maria
A data de comemoração e luta foi marcada por uma marcha que reuniu as pautas, a diversidade e a força das mulheres que são vanguarda e resistência na capital do país
As vozes, gritos, cantos e batucadas das mulheres do DF e do Entorno ecoaram em toda sua potência pelo Eixo Monumental na noite dessa quarta-feira (8). Mulheres do axé, batuqueiras, fanfarreiras, militantes de partidos políticos, movimentos sociais, trabalhadoras dos mais variados setores, estudantes e outros segmentos marcaram presença e posicionamento no ato político que teve início às 16h, na Funarte.
Em defesa da democracia, do bem viver, contra o fascismo, o racismo, o machismo e a violência de gênero, as militantes marcharam até o Palácio do Buriti, onde protocolaram uma carta com 13 eixos de reivindicações. O documento, assinado pelo Comitê Popular das Mulheres Feministas Brasileiras, que pode ser lido aqui, exige, entre outros pontos, políticas de combate à fome e ao racismo estrutural, ações de enfrentamento à violência contra as mulheres, creches e escolas integrais e apoio à agricultura familiar.
O movimento sindical do DF e Entorno esteve massivamente envolvido na atividade, tanto na organização do ato em si quanto no planejamento, divulgação, nas apresentações culturais e na confecção das faixas, cartazes, camisetas e bandeiras que estamparam as lutas das mulheres trabalhadoras.
“Hoje foi um dia que foi difícil segurar a emoção. Foi difícil segurar a emoção de ver o presidente que nós elegemos para fazer o nosso governo, o governo das trabalhadoras e dos trabalhadores, assinar a convenção 190 da OIT, que combate o assédio moral e sexual nos locais de trabalho, assinar a Lei de Saúde Menstrual, que vai amparar centenas de milhares de mulheres no Brasil inteiro, assinar a Lei de Equiparação Salarial. Temos que comemorar, mas temos que lembrar também o quanto temos que lutar para ter a equidade de gênero”, afirmou a secretária da MUlher Trabalhadora da CUT-DF, Thaísa Magalhães.
Marina Maria
Descaso
Inicialmente, a ideia era que a marcha das mulheres percorresse o Eixo Monumental e encerrasse com a ocupação da praça em frente ao Palácio do Buriti, com a utilização do carro de som, usado para organizar a mobilização. No espaço, seria realizada uma ciranda, com a cantora Martinha do Coco, o que foi impedido pela Polícia Militar do DF.
De acordo com as entidades que encabeçaram a organização do ato, o uso do carro de som na praça chegou a ser acertado com a governadora Celina Leão, mas, ainda assim, não foi autorizado pela PM.
“Essa é mais uma demonstração que o atual governo do Distrito Federal não se dispõe a ouvir as pautas da classe trabalhadora, das mulheres trabalhadoras”, afirmaram.
Outras ações
As mobilizações para o Dia Internacional de Luta das Mulheres, comemorado neste 8 de março, não começaram hoje. Ao longo dos últimos meses, aconteceram uma série de plenárias para organizar o movimento. “Nós chegamos nessa data com várias reuniões, plenárias, várias construções de pautas de luta e de reivindicação de direitos que estamos lutando para que juntas possamos combater o feminicídio que assola o Distrito Federal. Precisamos de mais segurança, de apoio, mais políticas públicas voltadas para as mulheres para que a nossa segurança não seja tão ameaçada como está”, explicou a secretária de Combate ao Racismo da CUT-DF, Samantha Sousa.
Desde sábado (4), as mulheres do MST realizam o Acampamento Pedagógico, em Planaltina. A ação, que vai até terça (13), conta com debates e plantio de árvores na área. Na manhã dessa quarta (8), o Sindicato dos Trabalhadores Terceirizados do DF (Sindiserviços) realizou um café da manhã para as trabalhadoras. A ação contou com debates diversos e ofereceu um dia de estética ao grupo.
Em seguida, mulheres CUTistas e de outros movimentos participaram de atividade no Palácio do Planalto. Na cerimônia, o presidente Lula anunciou 25 iniciativas para promover a igualdade e combater a violência de gênero. Logo após, o Sindsep realizou assembleia com celebração da data. A ação contou com a participação da deputada Federal Érika Kokay, além de debates e apresentação cultural.
Outras ações devem ocorrer ao longo do mês de março. Acompanhe as divulgações nas redes sociais da CUT-DF.