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Mulheres do DF e Entorno discutem plano de lutas para o CECUT em Encontro Regional

Atividade aconteceu nesse domingo (28), ao longo de todo o dia. Paridade de gênero nas entidades sindicais, diversidade, direitos e expectativas para o próximo período foram algumas das pautas

Publicado: 29 Maio, 2023 - 14h34 | Última modificação: 29 Maio, 2023 - 14h42

Escrito por: Marina Maria

Leandro Gomes
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Trabalhadoras da iniciativa privada, do setor público, do campo, da cidade, terceirizadas e aposentadas, representantes de quase 30 entidades sindicais do DF e Entorno participaram, ao longo desse domingo (28), do Encontro Distrital das Mulheres da CUT-DF e Ride. A atividade desenvolveu temas como desigualdades e direito à cidade; luta por moradia; luta das trabalhadoras rurais; racismo, LBTfobia e capacitismo no trabalho e na vida; paridade de gênero e poder; entre outros. Além disso, as sindicalistas propuseram emendas ao texto base do Plano de Lutas das mulheres CUTistas, que será submetido ao Congresso Estadual da Central em agosto deste ano.

Para contribuir com a formação das mulheres da Central, aconteceram três mesas com as temáticas: “A realidade da Mulher Trabalhadora”, “Desafios para o próximo período” e “Paridade no Movimento Sindical”, que contaram com a participação de mulheres de diversos segmentos e lutas. Também foi exibido o documentário, produzido esse ano pela Secretaria de Mulheres da CUT-DF, “A voz é delas: histórias não contadas de mulheres sindicalistas”. 

Rose Uranda, militante da Marcha Mundial de Mulheres e do coletivo LGBT da CUT-DF, falou sobre a importância de ter secretarias que tratam dos direitos humanos dentro dos sindicatos, para que as trabalhadoras tenham um lugar onde é possível tratar de assuntos como discriminação e LGBTfobia dentro das entidades representativas. “A pauta não se restringe a trabalho, moradia, saúde”, pontuou Rose.

Todas as lutas

“As mulheres são os principais instrumentos da luta pela causa”, afirmou a dirigente estadual do MST, Edineide Rocha. A militante explicou as dificuldades de organizar as mulheres do campo, que têm uma vida repleta de trabalho dentro e fora de casa. “Infelizmente o patriarcado penetra violência independente do espaço”, pontuou a ativista.

“O trabalho é o que nos possibilita nos libertar, mas não é só do trabalho que precisamos, mas também de formação, educação, cultura, alimentação, conquistas, políticas públicas e organização de mulheres”, afirmou a secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT, Junéia Batista.  A liderança sindical lembrou que quando a Central foi criada, em 1983, haviam 35 pessoas na direção, das quais apenas duas eram mulheres. 

Junéia citou alguns fatos sobre a luta das mulheres dentro da CUT, como a aprovação, ainda em 1991, da inclusão da pauta pela legalização do aborto nos eixos da central, que é a única central sindical a declarar esse posicionamento.

A dirigente ainda fez um chamamento às sindicalistas presentes na atividade. “Vocês têm a responsabilidade de trazer mais mulheres nos seus sindicatos. Que no Congresso de 40 anos da CUT tenhamos essa paridade empoderada, que é a luta que temos que fazer. Nada vem de graça pra gente, só trabalho. Nesse momento é importante vocês nos sindicatos criarem coletivos de mulheres, promoverem a inclusão de meninas, de LBT’s, respeitarem as meninas trans, as mulheres pretas, porque a discriminação continua pesada neste país, respeitem as meninas obesas, as meninas com deficiência”, disse Junéia.

A secretária Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Anna Paula Feminella, afirmou que a luta anticapacitista é também uma luta de classes. “É no movimento sindical que a gente se encontra. Nesse compromisso a gente está aqui e é importante lembrar de todas nós e de toda a nossa diversidade”.

Feminella, que foi da direção da CUT-DF, também apresentou números sobre a violência contra pessoas com deficiência, sobretudo mulheres, e as ações que estão sendo pensadas para melhorar essa realidade. 

Paridade e poder

Presidenta do Sintect/DF, secretária de Mulheres da Fentect e dirigente Nacional da CUT, Amanda Corcino, iniciou sua fala pontuando a dificuldade das mulheres, impostas pelo patriarcado, de ausentar-se da família e dos afazeres domésticos. Em seguida, a sindicalista contou algumas de suas vivências no movimento, tentativas de apagamento, apropriação de ideias e outras práticas sexistas.

“Paridade é para além de equiparar número de mulheres e homens, queremos a paridade do poder”, decretou Amanda. Assim como ela, outras mulheres também pontuaram sobre como a paridade, embora tenha sido um passo muito importante para a Central, ainda não é o fim da luta por equidade no movimento sindical.

Muitas falas também abordaram os cargos que vão para as mulheres dentro das entidades. “A sociedade não está acostumada a ver mulheres ocupando espaços de poder.  E nossos companheiros de sindicato foram criados dentro dessa lógica”, afirmou Amanda.

Carmen Foro, Secretária Nacional da Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política do Ministério das Mulheres, também convocou as dirigentes que estavam na atividade a intensificar o engajamento. “Vocês que estão aqui, busquem outras. Vamos continuar firmes e organizadas de onde estamos, porque nós mulheres somos a possibilidade real da revolução. A revolução virá pelas mãos das mulheres, não tenho dúvidas”, disse a política, que foi secretária-geral da CUT Brasil.

Graça Pacheco, que foi a primeira secretária de Mulheres da CUT-DF, na mesma gestão em que a Central adotou a paridade de gênero, relembrou um pouco essa história. “Tivemos que brigar por isso, que deveria ser uma coisa tão natural, aquele que tem maior número na sociedade ter mais representatividade nos espaços de poder”, afirmou a militante. 

“Queremos paridade e queremos o poder”, destacou Graça Pacheco. “Se não tivermos poder dentro dos Sindicatos e da CUT vamos continuar mendigando no movimento sindical, no Congresso Nacional, em nossos partidos”.

“Foi uma vitória reunir tamanha diversidade de mulheres e sindicatos para avaliar nossa política para as mulheres no DF e nas cidades integradas. Embora tenhamos realidades muito diferentes no cotidiano de trabalho, a violência de gênero e de classe, atravessa a todas nós. O que nos penaliza também nos unifica e da força, e, juntas lutamos para mudar a sociedade e o mundo do trabalho”, afirmou a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-DF, Thaísa Magalhães, ao fim do evento.

 

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