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Mulheres CUTistas debatem participação política, sindical e social

Durante a plenária, que aconteceu no auditório da CUT-DF, também foi lançada a cartilha: “Viva Sem Violência”, do Sindicato dos Bancários

Publicado: 01 Dezembro, 2022 - 10h04 | Última modificação: 01 Dezembro, 2022 - 10h57

Escrito por: Marina Maria | Editado por: Leandro Gomes

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Organizadas por sindicatos, ramos, movimentos sociais e outras entidades, as mulheres estiveram na linha de frente das eleições de 2022, tanto no lançamento de candidaturas próprias, como na luta contra o bolsonarismo. Na noite da última terça-feira (29), a CUT-DF realizou uma plenária que debateu a participação das mulheres nas políticas.

A atividade contou com a participação da deputada federal reeleita Érika Kokay e das ex-candidatas Rosilene Corrêa e Keka Bagno, que falaram sobre as dificuldades de adentrar e permanecer em espaços que são majoritariamente masculinos, como os sindicatos e o parlamento, por exemplo.

Rosilene Corrêa, que foi candidata ao Senado Federal, afirmou que, embora o número de mulheres tenha crescido no último pleito, o Brasil ainda está distante da média mundial, no que diz respeito à paridade.

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Rosilêne Corrêa, durante Plenária das mulheres CUTistas

“A gente tem um cenário que está mudando, mas de forma muito lenta. E essa mudança acontece devido a nossa atuação em todos os lugares. Não há outro caminho que não seja as mulheres ocupando os espaços. Só teremos uma sociedade igualitária se tivermos equidade de gênero. Por mais que tenhamos companheiros que representem pautas importantes, precisamos que mais mulheres se envolvam. Porque quem fala por nós somos nós”, afirmou.

A deputada federal reeleita pelo PT-DF, Erika Kokay, lembrou que vivemos em uma sociedade machista e sempre houve muita violência política de gênero ─, além dos diversos tipos de violências sofridos pelas mulheres.

A parlamentar destacou ainda que, a apesar das modificações na legislação para aumentar a participação das mulheres na política ─ obrigatoriedade 30% dos candidatos ─, também houve muitas mulheres usadas como candidaturas laranjas no último pleito. “Precisamos lutar pelas cotas de mulheres no parlamento, se não vamos demorar séculos para atingir a paridade”, disse.

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Erika Kokay, deputada federal reeleita, fala sobre as  dificuldades das mulheres ocuparem espaço na política 

Outro ponto ressaltado por Erika foi em relação à necessidade de criar um ministério específico para as mulheres. O presidente eleito, Lula, já sinalizou a criação da Pasta. “Não podemos pensar em nenhuma política pública que não tenha espaço para as mulheres. São as mulheres que constroem as lideranças comunitárias e precisam ser fortalecidas. Precisamos regulamentar o que a gente avançou e, ao mesmo tempo, exigir a implementação”, afirmou.

A ativista do movimento feminista e negro e candidata ao Governo do DF pelo Psol, Keka Bagno, apontou que foram inúmeras as situações de violências vivenciadas pelas mulheres na política. Como exemplos, ela citou o questionamento da legitimidade de ocupar o local, além de falas violentas.

“Acredito ainda que a nossa candidatura (das mulheres) foi a maior oposição. Tivemos representatividade e fomos toda a oposição ao governo bolsonarista, que não nos quer vivas. Tudo nos atinge diretamente, mas a gente sabe que algo nos unifica: essa condição que temos enquanto mulheres, esse olhar aos temas, a luta para ocupar espaços tradicionalmente ocupados por homens”, disse.

Keka lembrou, no entanto, que é preciso se reorganizar, tendo em vista que a esquerda não elegeu nenhuma deputada para a Câmara Legislativa do DF (CLDF). “Se quisermos, em 2026, construir mulheres, temos que começar agora. A gente fez história nas eleições de 2022.  Precisamos pegar essas experiências que tivemos e eleger mulheres de 2026. Estamos cansadas de bater na trave, de ser suplente”, afirmou.

A secretária Nacional de Mulheres da CUT, Junéia Batista, também esteve presente na atividade e ressaltou que, nessas eleições, além de ter protagonismo notório, as mulheres deixaram um recado claro de que sabem qual é o problema. A dirigente ainda falou sobre sua experiência na Organização Internacional do Trabalho (OIT) e sobre a importância de criar ambientes laborais livres de assédio. “De discutir direitos sexuais e reprodutivos a gente não abre mão, entregamos proposta de revogar todos aqueles decretos que violam direitos”, disse.

Canal e Cartilha Viva Sem Violência

Na atividade ─ que é parte das ações dos 21 Dias de Ativismo Feminista Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres ─, ocorreu ainda o lançamento da Cartilha Viva Sem Violência, uma produção do Sindicato dos Bancários de Brasília.

Com informações sobre o patriarcado, racismo e outras formas de opressão, a publicação apresenta um breve histórico da luta das mulheres no Brasil pelo fim das violências, além de listar redes de atendimentos e equipamentos públicos de acolhimento à mulher em situação de vulnerabilidade.

A atividade reforçou ainda a disponibilidade do canal Viva Sem Violência, também do Sindicato dos Bancários, que atende vítimas de violência no DF. Só neste ano, foram realizados 48 atendimentos, sendo 46 mulheres e 2 homens. As denúncias vão desde ameaças, violência física, psicológica, patrimonial e moral, feminicídio, entre outros.  

Com plantão 24h por dia, sete dias por semana, o atendimento do Canal é feito pelo WhatsApp (61) 99292-5294 e segue os princípios pactuados em tratados internacionais que são fundamentais para garantir uma condução segura e necessária. Além de humanizado, o acolhimento é sigiloso, com garantia de privacidade, fortalecimento da autonomia das mulheres e respeito às diversidades e trajetórias.

A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-DF, Thaísa Magalhães, lembrou do caso da dirigente sindical do Sindicato dos Trabalhadores Terceirizados no DF (Sindiserviços) Cilma da Cruz, que, ano passado, foi vítima de feminicídio. “Por isso, fizemos as atividades deste ano pensando na violência doméstica e no feminicídio”, afirmou.

Veja mais fotos da atividade aqui.