Nesta segunda-feira (2) faz 14 anos de um dos maiores e trágicos ataques à organização dos trabalhadores em Brasília, que entrou para a história da cidade como o Massacre da Novacap. O que era uma assembleia pacífica de trabalhadores, que discutiam a data-base, terminou com o assassinato do companheiro José Ferreira da Silva, jardineiro, um servidor da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) de 34 anos e com menos de um ano de emprego na empresa estatal, morto com tiros de escopeta calibre doze. O massacre contabilizou ainda mais 30 vítimas – dois trabalhadores ficaram cegos atingidos por balas de borracha no rosto – em um ataque de 150 policiais militares contra 600 servidores desarmados.
A alta cúpula do governo do DF da época, dirigido por Joaquim Roriz, que tinha como secretários Tadeu Filipelli (Obras na época) e Paulo Castelo Branco (Segurança Pública), enviou um aparato militar como se fosse uma operação de guerra, com tropas de choque, cães e carros blindados para reprimir os trabalhadores. Sob a alegação de que os servidores trancaram os portões e impediram a entrada dos que queriam trabalhar, Roriz deu sinal verde para a barbárie.
Homens, mulheres e até a creche da empresa foram alvos dos agressores. Fumaça de gás, tiros, cães e cassetes compuseram a praça da guerra. Todos os trabalhadores eram perseguidos e barbaramente espancados. Os que esboçavam a mínima resistência sofriam o fuzilamento por tiros de borracha à queima roupa. Não satisfeitos, passaram a atirar com munição de chumbo, o que resultou na morte de José Ferreira, com três tiros, sendo um no peito.
No dia seguinte, 3 de dezembro de 1999, a totalidade dos trabalhadores da Novacap, juntamente com representantes de outros sindicatos e parlamentares, reunidos no mesmo local do massacre, reafirmaram a sua coragem. Na ocasião, foi decretada greve por tempo indeterminado.
A CUT Brasília enfatiza que o dia de hoje não pode ser esquecido para que casos como esse não se repitam, destacando que a questão dos trabalhadores jamais pode ser vista como caso de polícia e que continuará cobrando a punição de todos os envolvidos no massacre.
Infelizmente, após esses 14 anos, o ataque continua impune. Os comandantes da operação foram absolvidos pela Justiça Militar. Só um segundo tenente foi denunciado pelo Ministério Público, mas acabou livre por decisão do Tribunal de Justiça do DF.
Secretaria de Comunicação da CUT Brasília