LUTAS DAS MULHERES | “Esperança está na caminhada conjunta”
Mulheres CUTistas debatem a vida das mulheres trabalhadoras em meio à crise econômica gerada pelos governos federal e distrital
Publicado: 27 Fevereiro, 2022 - 16h52 | Última modificação: 27 Fevereiro, 2022 - 17h59
Escrito por: Vanessa Galassi com edição de Marina Maria
Nos últimos sete anos, sobretudo a partir de 2018, as mulheres vêm sendo uma das principais vítimas econômicas das políticas do governo federal, com Jair Bolsonaro, e do governo distrital, com Ibaneis Rocha. O resultado é desemprego, fome, precarização das relações de trabalho. O combustível para resistir está na esperança, nascida na luta feminista. O tema fez parte do debate: “A vida das mulheres trabalhadoras em meio à crise econômica gerada pelos governos federal e distrital”. A atividade foi realizada pela CUT-DF, neste sábado (26/02), no Parque da Cidade, como parte do calendário de lutas pelos direitos das mulheres.
“A esperança nasce quando caminhamos juntas. E é a força dessa caminhada que não deixa a gente desistir. Sozinha, a gente não dá conta”, disse a secretária de Mulheres da CUT-DF, Thaísa Magalhães.
Para a sindicalista, a esperança em meio ao momento dramático para as mulheres também desponta com o ano eleitoral. “Derrotar Bolsonaro e Ibaneis passa pela eleição de mulheres que tenham compromisso com o direito das mulheres”, disse, e reforçou que o cenário imposto só será transformado com a “presença de mulheres nos espaços de gestão e de proteção das políticas públicas”.
Além de serem as principais vítimas da crise econômica, as mulheres – sobretudo as negras – também são alvo da violência, que cresceu exponencialmente durante a gestão Bolsonaro. De acordo com a secretária de Mulheres Trabalhadoras da CUT-DF, o desmonte dos aparelhos públicos, gerados em nível feral e distrital, é trampolim para isso.
No debate, a sindicalista ainda lembrou que a violência contra as mulheres não se resolve apenas com o punitivismo, e aposta na educação para realizar uma transformação social. “A educação é primordial para acabar como machismo e o racismo no país. A escola é um dos principais espaços de conversa sobre como não construir uma sociedade violenta. Não se transforma o mundo com punitivismo. Numa sociedade apenas punitivista, as mulheres continuam morrendo. O que precisa ser feito é um trabalho de conscientização, para que as pessoas consigam coexistir. E isso deve ser ensinado nas escolas”, avalia.
Para a diretora do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF) Rosilene Corrêa, a ausência de investimento na educação pública do Brasil e do DF é uma das principais formas de atacar as mulheres. Ela lembrou que as mulheres são as principais responsáveis pelo cuidado das crianças e de outras pessoas que moram na mesma casa, e que, por isso, também são atingidas quando a oferta plena de educação pública é negada.
A servidora pública Desireé Tozi, que participou do debate realizado pela CUT-DF, disse que o ataque contra as mulheres também se mostra no ataque aos serviços públicos, como a cultura. “Além de sermos bombardeadas todos os dias pela TV, que falam que nós, servidoras e servidores públicos, não trabalhamos, no próprio espaço de trabalho há outros problemas. O clima é de caos, prejudicando principalmente as mulheres. Temos vivido dentro desse governo essa sensação de instabilidade, incerteza, depressão e caos. Estamos com a nossa auto estima comprometida”, disse.
Além de professoras e servidoras públicas de outros setores, o debate realizado debaixo de árvores do Parque da Cidade contou com a participação de trabalhadoras do comércio, dos Correios, urbanitárias, comunicadoras, artistas.
Marcha no 8 de março
A primeira grande manifestação de massa de 2022 será protagonizada por mulheres, no dia 8 de março – Dia Internacional de Luta por Direitos das Mulheres. Uma das principais vítimas da violência, da miséria, do desemprego, da injustiça, elas marcharão com o lema “Pela vida das mulheres, Bolsonaro nunca mais! Por um Brasil sem machismo, sem racismo e sem fome”. As ações serão em todo o Brasil. No Distrito Federal, a concentração para o ato será às 17h, no Museu da República. De lá, as mulheres seguirão em marcha pela Esplanada dos Ministérios, até a Alameda das Bandeiras.
A organização do ato orienta que as participantes sigam os protocolos de segurança sanitária, com utilização de máscara tampando boca e nariz, além de higienização das mãos com álcool 70% e distanciamento social. Para este ano, também é orientada a ida apenas de mulheres que estiverem com o esquema vacinal contra a Covid-19 completo. Para essas pessoas e aquelas que apresentarem sintomas da doença, como tosse, dor de cabeça, coriza e febre, a marcha do 8 de março poderá ser acompanhada pelas redes sociais do 8M DF e entorno (Instagram | Facebook | Youtube).
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