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Homenagem | CUT-DF inaugura sala Margarida Alves

O espaço, localizado na sede da Central em Brasília, é inspirado na luta e na resistência da liderança do campo assassinada por latifundiários

Publicado: 26 Abril, 2024 - 10h56 | Última modificação: 29 Abril, 2024 - 08h35

Escrito por: Marina Maria | Editado por: Leandro Gomes

Marcos Paulo (Maracatu)
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A CUT-DF amanheceu cheia de militantes e dirigentes sindicais nessa quinta-feira (25). Toda a agitação aconteceu por causa da inauguração da sala Margarida Alves, mais um espaço de debate, formação e tomada de decisão da classe trabalhadora, dessa vez, em homenagem a uma mulher visionária, cuja trajetória inspira a luta por justiça e dignidade até os dias atuais. 

Para a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT DF, Thaisa Magalhães, o espaçoé importante para valorizar o papel de Margarida na história da luta de classes. “Assim como aqui temos o Espaço Paulo Freire, e o Sinpro o espaço Chico Mendes, que são lindos, teremos também o espaço Margarida Alves, lembrando essa mulher que contribui não só para o sindicalismo, mas foi sempre a frente do seu tempo, em pautas como a educação e a preservação do meio ambiente”, afirmou. 

Para Mazé Morais, agricultora familiar e secretária de Mulheres da Contag, Margarida Alves é um símbolo de luta. “A gente fica feliz, enquanto Contag, de saber que nesse espaço tão importante, vai ter uma salinha reservada, que não é pequena, é uma sala com um simbolismo muito grande para nós, mulheres”.  

 
 
 
 
 
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“Como vocês sabem, Margarida Alves foi a primeira mulher presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande da Paraíba. Ela foi brutalmente assassinada na porta de sua casa, na frente de seus filhos. Tiraram a vida de Margarida e esqueceram que ela era semente e brotou não só no Brasil, mas no mundo. Na Marcha das Margaridas de 2023 nós tínhamos 36 países, 102 mulheres que vieram da América Latina, Caribe, se somar a nós. Não podemos esquecer a luta que Margarida fazia pelo salário mínimo”, afirmou. 

Mazé ainda lembrou que, embora a Marcha das Margaridas aconteça a cada quatro anos, a construção acontece por todo esse período. Apesar da última marcha ter acontecido no ano passado, a próxima já está sendo organizada nos territórios. 

“Essa mulher nos faz lembrar que se pode arrancar uma ou duas flores, mas jamais interromper a primavera”, afirmou Erika Kokay durante a inauguração do espaço. A parlamentar, que já foi presidenta da CUT-DF, afirmou que Margarida honra a classe trabalhadora com sua história. 

Para Rosilene Corrêa, dirigente da CNTE e da CUT Brasil, a sindicalista é uma inspiração para todas as mulheres que lutam por um mundo mais justo. “Ela viveu pela luta e perdeu a vida por enfrentar aqueles que não queriam dar o mínimo de direitos para os trabalhadores rurais, e que se incomodaram com a capacidade de mobilização e pela coragem de Margarida Alves”, afirmou. 

“Parabenizo a nossa Central pela iniciativa e pela homenagem justa a uma das maiores lideranças sindicalistas do nosso país”, disse Geralda Godinho, presidenta do Sindicato dos Comerciários do DF e dirigente Nacional da CUT. A sindicalista afirmou ainda que Margarida é um símbolo da força e da inteligência das trabalhadoras do nosso país.      

Quem foi Margarida Alves

“É melhor morrer na luta do que morrer de fome”. Quando a trabalhadora rural Margarida Alves (* 1933 + 1983), que nomeia o novo espaço da CUT-DF, disse essa frase, não imaginava a força que sua trajetória teria para as mulheres brasileiras. A sindicalista, assassinada por latifundiários, defendeu com a própria vida os direitos das trabalhadoras do campo.  Margarida Maria Alves foi a primeira mulher à frente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande. Lutou pela reforma agrária, carteira assinada, fim do trabalho infantil, educação para as crianças do campo e por tantos outros direitos. 

Pela sua determinação e coragem, tornou-se inspiração para a Marcha das Margaridas, que, desde os anos 2000, mobiliza milhares de mulheres ao redor do país. Como dito pelos movimentos feministas, tentaram enterrar Margarida, mas se esqueceram que ela era semente. E essa semente continua brotando um jardim de esperança, lutas e conquistas das trabalhadoras do nosso país. 

Para ver mais fotos da inauguração da sala Margarida Alves, clique aqui.