Escrito por: Marina Maria

Greve da educação: sociedade denuncia precarização nas escolas

Servidores seguem em um movimento que tem cada vez mais apoio dos alunos, dos pais e da comunidade em geral

Leandro Gomes

A mobilização das professoras e dos professores do DF se intensifica cada dia mais. Piquetes, panfletagens, reuniões, conscientização da população e da comunidade escolar estão entre as atividades que têm sido realizadas diuturnamente.

Na manhã desta quinta-feira (18), a categoria rejeitou a proposta apresentada pelo Governo do DF e decidiu continuar a greve, que já dura 15 dias. Apesar dos avanços nas negociações com o governo, os educadores avaliaram que possível melhorar as condições de trabalho e ampliar a valorização na área, tão essencial à população.

A secretaria de Educação do DF assiste hoje mais de 470 mil estudantes em 827 escolas de ensino infantil, fundamental e médio. Em 2022, eram 22.243 professores efetivos e 14.185 temporários atendendo a essa demanda. Vale lembrar que os contratos temporários são extremamente precarizados, embora se trate de profissionais altamente capacitados.

Marina Maria Carolina Moniz Freire 

Professora em regime de contratação temporária desde 2017, Carolina Moniz Freire explica a situação de insegurança que enfrenta nos últimos anos. “Basicamente chega dezembro, nós somos demitidos, recebemos algumas indenizações por não gozar férias, não descansamos”, afirma.

Carolina destaca ainda que o último concurso para a área dela que teve todas as fases finalizadas aconteceu em 2013. Depois de quase 10 anos, houve outra prova no ano passado, que deveria ter sido homologada até o fim de fevereiro, o que não aconteceu. “Mesmo assim, o número de vagas previsto neste concurso que foi realizado não supre a necessidade de aposentadorias, vacâncias e exonerações nos últimos anos. O que vemos é um projeto de extinção da carreira do magistério no DF e substituição gradativa por contratos temporários e, portanto, precarizados”.

Descaso que afeta a todos

Não é só a categoria que está empenhada em melhorar a situação da educação no DF. A cada dia, a sociedade apoia e se envolve mais nessa luta.  Os estudantes, principais interessados no pleno funcionamento das escolas no DF, também sentem o descaso do governo e se posicionam a favor da greve dos/as professores/as.

Letícia Espíndola Lucas Cruz

Lucas Cruz (18), estudante do ensino médio na rede pública, acredita que a educação está longe de ser uma prioridade na gestão Ibaneis. “Os estudantes estão apoiando porque entendem a greve como uma forma de reivindicar melhores condições para todos dentro da escola pública. Estamos participando das assembleias, dos atos, piquetes de greve, há um diálogo muito grande com todos os professores”, relata.

Lucas ainda afirma que caso o GDF passe a encarar educação como prioridade, será uma grande transformação na vida de todas e todos, mas frisa que essa postura precisa ser efetiva “e não uma muleta de campanha para ganhar as eleições”.

Acervo Pessoal Cynthia Borges e sua filha Catarina

E o descaso com a educação é sentido também pelas mães e pais de alunos. Cynthia de Lacerda Borges, servidora pública e mãe de Catarina (7) ─ que é estudante da Escola Classe Beija Flor, na 316 norte ─, conta como a precarização tem afetado o ensino da sua filha e de outros estudantes.

A unidade educacional onde Catarina estuda é a mais populosa Escola Classe do Plano Piloto e atende cerca de 460 crianças. “Posso dizer que temos um plano político pedagógico de 1° mundo, uma equipe gestora altamente competente, uma comunidade atuante, no entanto, esbarramos na burocracia da Secretaria de Educação que impede que a experiência seja replicada; que mais crianças sejam beneficiadas pelo que essa comunidade foi capaz de produzir”, afirma Cynthia.

Tanto a servidora pública e mãe quanto o estudante de ensino médio Lucas também levantaram a quantidade de estudantes por turma como um impedimento para aprimorar a educação no DF. Um problema que poderia ser amenizado caso o GDF contratasse mais profissionais.

Agora, o movimento dos/as professores/as continua com piquetes, panfletagem e negociações com o governo até a próxima assembléia, que já está confirmada para o dia 25/5, após uma nova negociação com o governo, que vai acontecer na quarta-feira (24).