Escrito por: Marina Maria e Vanessa Galassi
A esperança esteve presente nas falas que compuseram a atividade. Mais do que tecer duras críticas às lideranças que estão no poder, as mulheres chamaram para si a responsabilidade de mudar os rumos do país
A Esplanada dos Ministérios, lugar onde os cargos de maior poder e remuneração ainda são ocupados majoritariamente por homens brancos, foi tomada, na noite desta terça-feira (08), por milhares de mulheres de todas as cores, raças, classes e credos. A marcha, que saiu por volta das 18h30 do Museu Nacional da República, marcou o Dia Internacional de Luta pelos Direitos das Mulheres. Esse ano, as manifestantes se uniram contra o machismo e o racismo ─ escancarados pelos governos Bolsonaro e Ibaneis ─ e por comida, emprego, saúde e educação.
A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-DF, Thaísa Magalhães, explicou como os governos federal e distrital estão massacrando as mulheres no último período. “Somos as mais atacadas pelo desemprego formal, ficando sem qualquer tipo de renda, sobrevivendo com a ajuda de outras trabalhadoras. Mas também há a situação da trabalhadora irregular, que vive de bicos, no mercado informal. Corrigir essa situação depende de política pública, coisa que nem Ibaneis nem Bolsonaro fazem”, criticou.
CUT-DFAtingidas ainda mais duramente pelas crises política, econômica, sanitária, ambiental, causadas pelo desgoverno atual, as mulheres negras tiveram destaque no 8 de março. Compondo a primeira ala da marcha, as militantes levaram um grito potente de indignação às ruas da capital.
Igor Estrela | Metrópoles
Apesar da situação crítica que o país enfrenta, a esperança esteve na linha de frente das falas que compuseram a atividade. Mais do que tecer duras críticas às lideranças que estão no poder, as mulheres chamaram para si a responsabilidade de mudar os rumos da história do nosso país.
“O que nós vivemos hoje é um verdadeiro abandono. A crise sanitária, que ainda existe, foi aprofundada porque não houve interesse por parte de nenhum governante de interromper isso. A crise que vivemos não é uma tragédia, é resultado de um projeto político indigesto, que se aproveita do momento mais triste do século para alçar vôo. Por isso, não há dúvidas de que o necessário são políticas públicas para as mulheres, para protegê-las, para garantir oportunidades, para matar a fome. E nós mulheres, temos que estar sim nas ruas, como sempre estivemos, mas também temos que estar em todos os espaços de poder, sendo promotoras dessas políticas”, disse a dirigente da CNTE e do Sinpro-DF Rosilene Corrêa.
Teimosa, a esperança brota
A proximidade das eleições, com a possibilidade de mudar radicalmente os rumos do país e da vida das próprias mulheres, foi definitiva para que se construísse um Dia de Lutas pelos Direitos das Mulheres expressivo em pleno exercício do governo mais racista, machista e misógino desde a redemocratização do Brasil.
Mas a grandiosidade do ato deste 8 de março está longe de se limitar a isso. Historicamente oprimidas, as mulheres não aceitam nem um passo atrás. Perceberam que são determinantes para o sustento da sociedade. Dividiram vivências. Somaram força, coragem e cumplicidade, de geração em geração. E também aprenderam a reagir na mesma medida do ataque. Não há dúvidas: resistirão e lutarão até que todas estejam livres. É definitivo.