Esperança das mulheres invade as ruas da capital federal
A esperança esteve presente nas falas que compuseram a atividade. Mais do que tecer duras críticas às lideranças que estão no poder, as mulheres chamaram para si a responsabilidade de mudar os rumos do país
Publicado: 09 Março, 2022 - 14h22 | Última modificação: 10 Março, 2022 - 11h11
Escrito por: Marina Maria e Vanessa Galassi
A Esplanada dos Ministérios, lugar onde os cargos de maior poder e remuneração ainda são ocupados majoritariamente por homens brancos, foi tomada, na noite desta terça-feira (08), por milhares de mulheres de todas as cores, raças, classes e credos. A marcha, que saiu por volta das 18h30 do Museu Nacional da República, marcou o Dia Internacional de Luta pelos Direitos das Mulheres. Esse ano, as manifestantes se uniram contra o machismo e o racismo ─ escancarados pelos governos Bolsonaro e Ibaneis ─ e por comida, emprego, saúde e educação.
A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-DF, Thaísa Magalhães, explicou como os governos federal e distrital estão massacrando as mulheres no último período. “Somos as mais atacadas pelo desemprego formal, ficando sem qualquer tipo de renda, sobrevivendo com a ajuda de outras trabalhadoras. Mas também há a situação da trabalhadora irregular, que vive de bicos, no mercado informal. Corrigir essa situação depende de política pública, coisa que nem Ibaneis nem Bolsonaro fazem”, criticou.
Atingidas ainda mais duramente pelas crises política, econômica, sanitária, ambiental, causadas pelo desgoverno atual, as mulheres negras tiveram destaque no 8 de março. Compondo a primeira ala da marcha, as militantes levaram um grito potente de indignação às ruas da capital.
Igor Estrela | Metrópoles“Em cada 10 famílias, quatro são chefiadas por mulheres negras. O governo Bolsonaro não tem consciência da dívida histórica que o país tem com a população negra. Alimenta a cultura da violência. Racista! Não nos deixaremos intimidar. Não vamos nos calar e não iremos largar a mão de ninguém. Resistiremos! Bolsonaro e seus pares serão derrotados por quem eles mais odeiam: mulheres negras”, disse a secretária de Combate ao Racismo da CUT-DF, Samanta Sousa.
Apesar da situação crítica que o país enfrenta, a esperança esteve na linha de frente das falas que compuseram a atividade. Mais do que tecer duras críticas às lideranças que estão no poder, as mulheres chamaram para si a responsabilidade de mudar os rumos da história do nosso país.
“O que nós vivemos hoje é um verdadeiro abandono. A crise sanitária, que ainda existe, foi aprofundada porque não houve interesse por parte de nenhum governante de interromper isso. A crise que vivemos não é uma tragédia, é resultado de um projeto político indigesto, que se aproveita do momento mais triste do século para alçar vôo. Por isso, não há dúvidas de que o necessário são políticas públicas para as mulheres, para protegê-las, para garantir oportunidades, para matar a fome. E nós mulheres, temos que estar sim nas ruas, como sempre estivemos, mas também temos que estar em todos os espaços de poder, sendo promotoras dessas políticas”, disse a dirigente da CNTE e do Sinpro-DF Rosilene Corrêa.
Teimosa, a esperança brota
A proximidade das eleições, com a possibilidade de mudar radicalmente os rumos do país e da vida das próprias mulheres, foi definitiva para que se construísse um Dia de Lutas pelos Direitos das Mulheres expressivo em pleno exercício do governo mais racista, machista e misógino desde a redemocratização do Brasil.
Mas a grandiosidade do ato deste 8 de março está longe de se limitar a isso. Historicamente oprimidas, as mulheres não aceitam nem um passo atrás. Perceberam que são determinantes para o sustento da sociedade. Dividiram vivências. Somaram força, coragem e cumplicidade, de geração em geração. E também aprenderam a reagir na mesma medida do ataque. Não há dúvidas: resistirão e lutarão até que todas estejam livres. É definitivo.