Em encontro com CUT e sindicalistas, Lula reafirma compromisso contra PEC32
Lula, que é considerado um dos maiores sindicalistas da América Latina, reuniu-se com representantes de diversas entidades sindicais que atuam em defesa do funcionalismo público, na tarde desta quinta-feira
Publicado: 07 Outubro, 2021 - 21h47 | Última modificação: 08 Outubro, 2021 - 11h30
Escrito por: CUT-DF
“Quero fazer o compromisso com vocês. Briguem agora, mas, se a gente não conseguir evitar, briguem depois, porque a gente vai colocar esse país no lugar que ele nunca deveria saído. Esse país precisa de serviços públicos de qualidade, e isso está umbilicalmente ligada à qualidade do salário que os servidores recebem”, afirmou o ex-presidente Lula em encontro com a CUT e sindicalistas, referindo-se à luta contra a PEC 32 e ao projeto de privatizações implementado por Bolsonaro.
Lula, que é considerado um dos maiores sindicalistas da América Latina, reuniu-se com representantes de diversas entidades sindicais que atuam em defesa do funcionalismo público, na tarde desta quinta-feira, para debater a defesa dos serviços públicos e das estatais brasileiras ─ que têm sido atacados pelo governo entreguista de Bolsonaro. O encontro aconteceu no Centro de Eventos e Convenções Brasil 21, em Brasília, e contou ainda com a participação de parlamentares do campo progressista.
Repensar a luta
No encontro, Lula destacou a importância da mobilização que a CUT e diversas entidades têm feito contra a PEC 32 desde que a proposta foi apresentada no Congresso Nacional pelo governo Bolsonaro. Entretanto, ele ressaltou que, embora a luta tenha sido fundamental para tardar a votação da proposta no Plenário da Câmara, é necessário repensá-la para que o projeto seja enterrado de vez.
Para Lula, é preciso que a militância dialogue os parlamentares favoráveis à PEC 32, destacando os prejuízos que ela trará à população mais vulnerável,
"Eu acho que temos que modelar nossa briga para conquistar mais coisas. Todos os deputados têm apenas uma porta de saída para vir a Brasília, que são os aeroportos. Eles não têm medo de manifestação na Esplanada nos Ministérios. Por isso, o deputado precisa ser pressionado na rua e na cidade em que ele mora. Dessa forma, teremos mais força de pressão em cima deles", disse.
Demonização do servidor
Outro ponto abordado por Lula em seu discurso foi a demonização do servidor público, narrativa que tem sido reforçada por Bolsonaro e sua base governista. O ex-presidente relembrou que, em 1989, quando foi candidato à presidência da República, a falácia do servidor como vilão da administração pública já era levantada por outros candidatos. Na época, coube a Lula apresentar diversos levantamentos demonstrando que não era bem assim. Outros países, inclusive, já apresentavam maiores médias de servidor por população do que o Brasil.
"A verdade é que em poucos momentos da história o Brasil levou a sério o trato e o respeito que a população merece. Como vamos reconstruir o país se não tiver o servidor público preparado e descentemente remunerado para cuidar para a população brasileira?", questionou.
Serviço público de qualidade é uma contrapartida que o Estado oferece pelos impostos que o povo paga. Como não pode devolver dinheiro, devolve em benefícios. Por isso, temos a necessidade de ter concursos, estabilidade, e melhorar serviços à população.
PEC 32 destrói serviços públicos
No encontro, sindicalistas representantes de diversas categorias ressaltaram a importância dos serviços públicos para o país e denunciaram como a PEC 32 põe fim ao amparo do Estado à população mais vulnerável. O deputado Rogério Correia (PT-MG), um dos parlamentares que tem sido firme na luta contra a PEC na Câmara dos Deputados, destacou que, para além da defesa do servidor público, a mobilização contra a PEC é também necessária para preservar os serviços públicos e o povo brasileiro.
"O que está proposto na PEC 32 não é uma reforma. Reforma é coisa boa. O que estão pretendendo é desmontar os serviços públicos e o último substitutivo é o pior de todos já apresentados. Por isso, é importante que ampliemos a luta e não deixemos que ele seja aprovado no Plenário", disse.
O mesmo entendimento é compartilhado pelo vice-presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, que acredita que a questão a PEC 32 é uma questão do cidadão brasileiro. "O povo precisar saber que serviço público é direito. O Estado tem a obrigação e o servidor é instrumento para isso (prestação). Seguiremos em luta pela vida, pela cidadania e contra o interesse mercadológico que quer colocar as mãos nas riquezas do Brasil”, afirmou o vice-presidente nacional da CUT, Vagner Freitas.
Já Rosilene Corrêa, da direção da CNTE e do Sinpro-DF lembrou da atividade que ocorreu pela manhã, em que Lula e outras lideranças visitaram catadoras e catadores de materiais recicláveis no Complexo Integrado de Materiais Recicláveis do Distrito Federal.
“Quando falamos de um Estado fortalecido, falamos de um Estado do qual aqueles trabalhadores que estavam ali (no Complexo) tanto precisam. Faz com que nos esforcemos para derrotar a PEC 32 e eleger o Lula. O ataque é brutal, mas, apesar disso, estamos muitos mais otimistas e com a certeza de que não destruirão o Brasil. Esse país tem dona e é a classe trabalhadora. O Brasil é nosso e voltará para nós”, afirmou.
A dirigente do STIU-DF ─ sindicato que representa os urbanitários no DF, Fabíola Antezana, afirmou que os ataques que sua categoria sofre são múltiplos. “Atuamos numa área essencial, saneamento e energia, ambas em processo de privatização. Esperamos que as trabalhadoras e trabalhadores dos Correios não passem pelo que nós estamos passando nesse momento e que, a partir de 2022, outras pessoas possam ter acesso às políticas que eu tive. Nosso voto será com a razão e com a emoção”, afirmou a sindicalista.
A diretora da Federação Naqcional dos Trabalhadores dos Correios (Fentect), Amanada Corcino, lembrou que os governos petistas foram os que mais fortaleceram os serviços públicos e que esse fortalecimento voltou para a sociedade como melhores serviços prestados.
"Hoje, esses serviços estão sendo destruídos pelo governo Bolsonaro. No caso dos Correios, quase 100 mil trabalhadores correm risco de perder os empregos. Se isso acontecer, será a maior demissão em massa do nosso país. Além de serviço postal, os Correios são uma empresa que entrega cidadania”, afirmou.
Já Fabiana Uehara, da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (CONTRAFF/CUT), reforçou a defesa dos bancos públicos como forma de geração de riquezas para o país. “O que é público é para todos, o que é privado é só para alguns. Os bancos públicos são necessários para diminuir a desigualdade gritante desse país”, destacou Fabiana.