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Em congresso, bancários definem prioridades para a Campanha Nacional 2022

Em dois dias de intensos e qualificados debates, bancários e bancárias do Distrito Federal e Entorno destrincharam a realidade da categoria e definiram proposições e plano de ação para a mobilização deste ano

Publicado: 23 Maio, 2022 - 14h15 | Última modificação: 23 Maio, 2022 - 14h21

Escrito por: Evando Peixoto, Sindicato dos Bancários de Brasília

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Reunidos durante toda a sexta-feira (20) e o sábado (21), no 11º Congresso Distrital dos Bancários e Bancárias do Distrito Federal e Entorno, realizado de forma presencial e remota, os 183 delegados inscritos para o fórum máximo da categoria debateram em profundidade os problemas, as aspirações e os desafios dos trabalhadores, resultando em proposições e plano de ações para a Campanha Nacional 2022.

Debates

A sexta-feira foi dedicada aos congressos do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e do BRB, nos quais foram debatidas as questões a serem contempladas na renovação dos acordos coletivos específicos. O 11º Congresso Distrital, com participação de trabalhadores de todo o ramo financeiro, foi aberto na sexta à noite, com a presença de convidados, e debateu neste sábado temas distribuídos em 4 painéis:

• Saúde e Condições de Trabalho – Apresentação de relatório sobre adoecimento bancário;
• Desemprego, terceirização, hiperintensidade do trabalho, adoecimento, juros altos, sequestro do Orçamento público, precarização de serviços públicos, não desenvolvimento e lucros estratosféricos. Diagnóstico da atuação desregulamentada e deturpada do Sistema Financeiro Nacional e consequências aos trabalhadores e à sociedade brasileira;
• Insumos e proposições à minuta geral de reivindicações;
• Plano de ação.

Fóruns nacionais

As prioridades para renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e dos acordos coletivos específicos do BB e da Caixa serão encaminhadas à apreciação dos fóruns nacionais da categoria, onde serão aprovadas as pautas de reivindicações e os planos de lutas para a Campanha Nacional Unificada 2022.

Durante o Congresso Distrital, entre 14h e 14h30 deste sábado, os bancários e bancárias elegeram em Assembleia Geral Extraordinária, realizada também de forma presencial e remota, os delegados aos encontros nacionais de bancos e à Conferência Nacional dos Bancários.

O 33º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (CNFBB) e o 38º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Conecef) acontecem nos dias 8 e 9 de junho, os Encontros Nacionais dos Funcionários de Bancos Privados (Itaú, Santander e Bradesco), no dia 9, e a Conferência Nacional dos Bancários será entre os dias 10 e 12 de junho.

Prioridades e ações

O presidente do Sindicato, Kleytton Morais, detalhou ao final do Congresso as principais questões debatidas pela categoria bancária, apontando as prioridades e ações a serem implementadas:

Congresso em novo modelo

“Foi um congresso extremamente profícuo, tivemos a oportunidade de debater, senão a totalidade, a grande maioria dos temas que são pertinentes e que preocupam legitimamente os bancários e as bancárias aqui do DF. Ontem começamos o dia com os encontros dos bancos públicos com companheiros do BRB, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica, que participaram ativamente com proposições, tanto de modo presencial como virtual, mostrando que esse modelo veio pra ficar, com todas suas possibilidades e potencialidades. Tivemos também palestrantes que estavam fora do DF e puderam dar contribuição aos debates que acumulamos nesses dois dias”.

Papel do sistema financeiro

“Saímos daqui com uma profunda reflexão sobre o papel do sistema financeiro, a necessidade de sua regulamentação e de instituição de marcos legais que, desde a Constituinte, têm sido perseguidos, mas os ardis, como diria o professor Hermes Zaneti, a partir do complô do sistema financeiro que sequestra a economia brasileira, têm sido verdadeiramente mais efetivos, na medida em que apresentam propostas como a MP 95, que congela os investimentos e gastos públicos por mais de 20 anos, a reforma da Previdência e a própria desestruturação do processo legal com a reforma trabalhista, que emprego nenhum gerou e, pelo contrário, acentuou ainda mais os níveis de desemprego e de precarização, resultando assim no empobrecimento ainda maior da classe trabalhadora, como a gente vê no recuo da participação na riqueza bruta nacional”.

Inflação e correção dos salários

“Além dos debates macros, de orientação, passando pela defesa da democracia, pudemos aprofundar sobre temas que são relevantes e que precisam estar colocados tanto no escopo da renovação dos nossos acordos por banco como também da nossa Convenção Coletiva Nacional, que é o nosso guarda-chuva de proteção de direitos. Passamos pela definição do índice de correção dos salários, bem como por um debate fundamental neste momento em que a inflação provocada não por aumento de demanda, mas por uma escassez da oferta de produtos e de insumos, faz com que a elevação geral dos preços ocorra, em razão de políticas equivocadas, dentre as quais a política de preços dos combustíveis, que, num efeito cascata, acaba onerando ainda mais a vida e a cesta básica dos produtos indispensáveis aos brasileiros e às brasileiras. O Congresso retira como pauta também uma correção diferenciada sobre o Vale Alimentação e Vale Refeição”.

Proteção à saúde

“Centramos fogo também no combate às metas, uma preocupação constante da gente com as remunerações variáveis. O sistema complexo de remunerações tem deixado os bancários e as bancárias à mercê de impactos nos planos de saúde e nas próprias aposentadorias. Abordamos questões relacionadas a um sistema robusto de proteção à saúde, quer seja pelo fortalecimento do SUS enquanto mecanismo universal de cobertura da saúde, quer seja na implementação e aprimoramento das autogestões em saúde tanto nos bancos públicos como nos bancos particulares, visando assegurar assistência também no pós emprego, de forma que os bancários e bancárias, ao se aposentarem, não percam a contrapartida dos empregadores no custeio dos planos de saúde”.

Metas abusivas e desumanas

“Tratamos de uma pauta extremamente cara para todos nós, derivada do adoecimento da nossa categoria em razão das metas abusivas e, no escalar delas, as metas desumanas, que tanto prejuízo têm causado aos bancários e às bancárias, sobretudo no que se refere ao adoecimento psíquico. Nosso plano de ação instiga o Sindicato a atuar com todos os seus instrumentos de denúncias, de proteção aos trabalhadores e de luta pelo banimento dessa prática nas instituições bancárias. Estamos lançando uma cartilha que servirá de denúncia, de esclarecimento e orientação a todos os bancários e bancárias”.

Combate a perseguições e defesa da democracia

“Nosso congresso aprovou as pautas debatidas ao longo desses dias e também moções de repúdio, pois temos muito que repudiar em razão das práticas de perseguição, de atitudes desumanas que estão se tornando corriqueiras no interior das instituições e que tantos prejuízos têm causado aos trabalhadores, e também dos ataques que buscam fragilizar as instituições públicas para o encaminhamento de privatização. Temos também profunda clareza de que precisamos fortalecer os processos democráticos cada vez mais e, nesse sentido, estamos fazendo o chamamento a cada um e a cada uma para participação nos comitês de luta em defesa da democracia e em defesa dos direitos, iniciativa que se insere nas premissas tiradas no nosso 11º Congresso dos Bancários e das Bancárias do DF e Entorno”.

Em breve, o rol de proposições

O conjunto de proposições definidas pelo 11º Congresso Distrital será sistematizado e, em breve, publicado. Acompanhe pelos meios de comunicação do Sindicato.