Escrito por: Roberta Quintino
“Nós acabamos com a fome e eles trouxeram a fome de volta”, destacou o ex-presidente.
O Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, foi tomado por milhares de pessoas para encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ato político, realizado nesta terça (12), contou com a presença do pré-candidato ao governo do Distrito Federal, Leandro Grass (PV), além da pré-candidata ao Senado Rosilene Corrêa (PT), e de diversos pré-candidatos e lideranças de movimentos sindical e popular.
Em seu discurso, Lula falou sobre os recentes casos de violência contra a militância petista e lembrou do assassinato de Marcelo Arruda ocorrido no dia 9 de julho, em Foz do Iguaçu (PR). Arruda foi assassinado por um bolsonarista que invadiu a festa de aniversário da vítima.
O pré-candidato à presidência disse que a militância não precisa brigar e nem aceitar provocação. “A nossa arma é a nossa tranquilidade. A nossa arma é o amor que a gente tem dentro de nós, é a sede que nós temos de melhorar a vida do povo brasileiro”, ressaltou.
Ao criticar a política de armamento defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-presidente disse que as pessoas precisam “comprar alimento, comprar livros, as pessoas precisam comprar roupa, comprar muita coisa útil e não gastar dinheiro em arma”.
Combate à fome
Lula criticou ainda a atual situação econômica e social do país, falou sobre a fome e o desemprego que atingem milhões de brasileiros. “Nós acabamos com a fome e eles trouxeram a fome de volta”, disse. Ele reforçou o compromisso de “acabar com a fome outra vez”.
Para Lula, o país será entregue ao novo presidente em situações econômicas, políticas e sociais muito piores do que em 2003, após o governo de Fernando Henrique Cardoso. Confiante na vitória do processo eleitoral, o ex-presidente afirmou que é “destinado a enfrentar desafios” e que vai reconstruir o país.
“Quero que a sociedade brasileira saiba que quero voltar a ser presidente da República desse país e não quero que as pessoas apenas tomem café, almoce e jante. Agora quero que as pessoas tenham o direito de estudar em uma universidade, que as pessoas tenham o direito de ter um emprego decente, que tenham direito de ir ao teatro, ao cinema, de ter lazer no bairro e na comunidade onde mora”, frisou.
Leandro Gomes
Ao lado da classe trabalhadora
O presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues, destacou a perda de direitos que a população brasileira enfrentou nos últimos anos e a necessidade de derrotar Bolsonaro nas urnas e o bolsonarismo nas ruas.
Rodrigo também criticou a violência política incentivada e legitimada pelo atual presidente da República, que já incitava atos truculentos contra seus adversários mesmo antes de vencer as eleições de 2018. O presidente da CUT-DF destacou ainda como os segmentos mais vulneráveis da sociedade brasileira, como as mulheres e a população negra, sofrem ainda mais, tanto com o agravamento das violências quanto com o fim de políticas sociais. “A CUT tem lado. É o lado da classe trabalhadora. Por isso estamos aqui. Queremos ter o direito de ser quem somos e de sermos felizes assim”, afirmou a liderança.
Primeiro turno
A pré-candidata ao Senado Rosilene Corrêa (PT) disse que a militância petista no Distrito Federal tem a tarefa de eleger a chapa Lula-Alckmin no primeiro turno das eleições de outubro. “Nós vamos mostrar para o Brasil que o Distrito Federal tem gente que tem compromisso com a nação”.
Para o deputado distrital Leandro Grass (PV), além de eleger Lula à presidência, é fundamental “varrer essa réplica e espelho do fascismo que está sentado no Palácio do Buriti”, se referindo ao governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), que é aliado e defensor da política de Bolsonaro.
“Nós fazemos política com generosidade, com acolhimento e com paciência. A gente está cheio de esperança no coração”, ressalta o pré-candidato ao governo do Distrito Federal.
Eletrobras
Do lado de fora do Centro de Convenções, uma projeção pedia a reestatização da Eletrobras. A ação foi preparada pelo Sindicato dos Urbanitários no DF (STIU), entidade que representa os trabalhadores da empresa.
A Eletrobras, privatizada no dia 13 de junho, é a maior empresa de energia elétrica da América Latina e de acordo com os eletricitários, a perda do controle estatal vai promover inúmeros retrocessos para o setor elétrico brasileiro, à população e para a soberania nacional. No ato, Lula não fez menção sobre a situação da Eletrobras. No entanto, em uma rede social ele escreveu que a entrega da Eletrobras é um crime de lesa-pátria.
“É a entrega de um bem essencial ao desenvolvimento de um país inteiro para empresários que só visam o lucro. Mas podem ter certeza: se vencermos a eleição de outubro, como todas as pesquisas anunciam, nós vamos restaurar a soberania do Brasil e do povo brasileiro”.
Diretrizes
No mês passado, Lula e Alckmin apresentaram um documento inicial com o programa de governo da chapa. Entre as diretrizes apresentadas está o compromisso com a sustentabilidade social, ambiental, econômica e com o enfrentamento das mudanças climáticas.
“Isso requer cuidar de nossas riquezas naturais, produzir e consumir de forma sustentável e mudar o padrão de produção e consumo de energia no país, participando do esforço mundial para combater a crise climática. Somaremos esforços na construção de sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis e no avanço da transição ecológica e energética para garantir o futuro do planeta, apoiando o surgimento de uma economia verde inclusiva, baseada na conservação, na restauração e no uso sustentável da biodiversidade de todos os biomas brasileiros”, aponta.
Além disso, o documento destaca que o novo governo irá propor, a partir de um amplo debate e negociação, uma nova legislação trabalhista de extensa proteção social a todas as formas de ocupação, de emprego e de relação de trabalho, com especial atenção aos autônomos, aos que trabalham por conta própria, trabalhadores e trabalhadoras domésticas, teletrabalho e trabalhadores em home office, mediados por aplicativos e plataformas, revogando os marcos regressivos da atual legislação trabalhista, agravados pela última reforma e restabelecendo o acesso gratuito à justiça do trabalho.