Escrito por: Joanna Alves, Sindicato dos Bancários de Brasília
Só no DF, foam 19 demissões este ano. Além disso, o assédio moral instalado na instituição tem levado as bancárias e os bancários ao adoecimento
O banco Itaú começou o ano de 2023 pedindo mais respeito, mas não é a postura que tem adotado com seus funcionários. Contrataram o campeão de Fórmula 1 para dizer que estão “sempre em movimento”, e o que se vê, de fato, é a manutenção de uma política de assédio e demissões. Em protesto, o Sindicato retardou na manhã desta quarta-feira (15) a abertura de agências no DF, que amanheceram com milhares de cartazes colados com os dizeres #DemissãoÉdesrespeito! e #AssédioÉdesrespeito!
Março ainda nem acabou, mas 19 bancários já foram demitidos só no DF este ano. Quando observada a base territorial da Federação dos Bancários do Centro Norte (Fetec-CUT/CN), foram 50 trabalhadores dispensados apesar dos lucros astronômicos do Itaú – foram mais R$ 30 bilhões registrados em 2022. “Os protestos, que denunciaram aos clientes e usuários os desmandos do banco, também apontam para a incoerência do Itaú que, em plena pandemia, lucrou R$ 30 bilhões e segue demitindo funcionários com 10, 15 anos de casa”, contextualiza o diretor da Fetec-CUT/CN Washington Henrique.
Além do assédio moral instalado, que tem levado ao adoecimento, a realidade de muitos bancários e bancárias é de sobrecarga de trabalho e apreensão pela possibilidade de ser o próximo na fila de demitidos. O fechamento de mais de 200 agências Brasil afora também impacta diretamente usuários e clientes, empurrados para o atendimento virtual.
“Os bancários não aguentam mais tanto desrespeito. Quem sai amarga não ter o reconhecimento do banco por seus esforços. Muitos, inclusive, estão adoecidos e em tratamento médico em função das pressões e assédios para cumprimento de metas. Quem fica sofre pela possibilidade de ser o próximo”, destaca a diretora do Sindicato e bancária do Itaú Conceição Costa.
“O aumento de quase 15% no lucro do Itaú em relação ao período anterior não desmobilizou a política nefasta de assédio moral, de demissões, de fechamento de agências e de adoecimento dos trabalhadores por causa da pressão por metas. Tudo isso vai na contramão do que o banco prega em propaganda. O marketing é um, mas o dia a dia no banco é outro”, conta o secretário de Cultura do Sindicato e bancário do Itaú, Sandro Oliveira.
O presidente do Sindicato, Kleytton Morais, lembrou que “a mobilização é contra as arbitrariedades e a irresponsabilidade total por parte do Itaú. O desapreço à sustentabilidade e ao respeito aos seus trabalhadores que cumprem suas obrigações fica evidente com as constantes demissões. Nem as negociações coletivas estão sendo respeitadas”.
Nesta quinta (16), os representantes dos bancários participam, em São Paulo, de reunião com a diretoria de Relações Sindicais do banco para tratar dessas reivindicações.