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Debate sobre legalização do aborto reúne lutas e esperanças de mulheres do DF

Frente Distrital Contra a Criminalização das Mulheres e Pela Legalização do Aborto realizou atividade com debates e apresentações culturais em Brasília

Publicado: 30 Setembro, 2024 - 13h27 | Última modificação: 01 Outubro, 2024 - 09h14

Escrito por: Marina Maria

Leandro Gomes
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Uma a cada sete mulheres já interrompeu voluntariamente pelo menos uma gestação. Dessas, 43% foram hospitalizadas para finalizar o aborto. As mulheres que realizaram esse procedimento, de acordo com a Pesquisa Nacional de Aborto (PNA) de 2021, estão em todos os estados brasileiros, grupos sociais, profissões, religiões e faixas etárias. Mesmo assim, há uma concentração de casos nos grupos mais vulneráveis, compostos por mulheres negras, indígenas, do Norte e do Nordeste, com menor escolaridade e muito jovens.

Mesmo que o tema seja de grande recorrência em nossa sociedade, estranhamente continua sendo tratado enquanto tabu. A criminalização e o linchamento moral da prática prejudicam até mesmo os casos amparados por lei. Por esse motivo, a CUT-DF e outros movimentos sociais participaram, no último sábado (29), de atividade em alusão ao Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta pela Descriminalização e Legalização do Aborto.

Leandro GomesLeandro Gomes

Organizada pela Frente Distrital Contra a Criminalização das Mulheres e Pela Legalização do Aborto, a ação começou às 16h, no Armazém do Campo (SCS), e teve a exibição do premiado filme Levante (2024), seguido por roda de conversa e apresentações culturais. De diferentes idades, movimentos sociais e áreas de atuação, as mulheres trocaram estratégias de luta e de enfrentamento em defesa da justiça e dos direitos reprodutivos.

Thaísa Magalhães, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-DF, acredita que nos últimos anos aconteceu um retrocesso considerável nos debates relacionados ao direito reprodutivo das mulheres. “Há 30 anos essa discussão estava sendo feita de forma mais fácil do que nos dias de hoje, com menos tabus, proibições e julgamentos. É um debate antigo e que toda a sociedade já faz há muito tempo”, afirmou.

Leandro Gomes Leandro Gomes   Para a militante da Marcha Mundial das Mulheres, Ana Paula Cusinato, um dos desafios mais urgentes do movimento é viabilizar que o aborto nos casos amparados por lei - estupro, risco de morte para a mãe e feto anencefálico - realmente aconteça no DF.

“Conseguimos furar uma bolha importante na campanha ‘Criança não é mãe’ e em alguns momentos nós conseguimos nos conectar com muita gente, mas precisamos pensar juntas em como garantir avanços para essa pauta e frear esse e outros retrocessos que estamos vivendo em relação aos direitos das mulheres”, afirmou Ana Paula.

 
 
 
 
 
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Mesmo nos casos legalizados em nosso país, vale lembrar, as mulheres enfrentam grandes pressões para desistir do procedimento, tanto da comunidade quanto dos próprios profissionais que deveriam auxiliá-las nesse processo.

Uma luta da CUT

Desde 1991, no 4° Congresso Nacional da CUT (CONCUT), a Central Única dos Trabalhadores se declarou favorável à legalização do aborto. A decisão baseou-se no entendimento de que a classe trabalhadora é a mais afetada pelo proibicionismo em torno do tema.  Isso se deve ao fato de que a interrupção voluntária da gestação é uma realidade concreta em nosso país, porém, as mulheres que dependem da saúde pública são aquelas que sofrem com a falta de assistência médica tanto no processo de interrupção quanto nos pós, momento em que uma grande parte delas precisa de atendimento e têm medo de procurar auxílio por se tratar de um procedimento ilegal.

Leandro Gomes Leandro Gomes

“Quando a gente discute a interrupção da gravidez, a gente não está discutindo o direito que as pessoas têm à sua própria religiosidade, mas o direito que as mulheres têm de acessar a saúde, os direitos reprodutivos e a escolha de quando ela vai ou não ser mãe”, afirmou a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-DF.

Thaísa explicou ainda que hoje no Brasil existe uma enorme quantidade de meninas menores de idade que são estupradas e não conseguem acessar um direito garantido por Lei que é a terminação da gravidez em casos de estupro.

Segundo a dirigente sindical, isso acontece por causa da desinformação que é disseminada pela direita conservadora que silencia o debate e coloca o tabu nas discussões sobre o aborto. “É um debate sobre democracia e direitos das mulheres”, afirmou.

>> Veja mais fotos da atividade aqui.