CUT, MST e Contag debatem reforma agrária no Eixão
Atividade aconteceu nesse domingo (4) e reuniu militantes de diversos movimentos
Publicado: 05 Agosto, 2024 - 16h54
Escrito por: Marina Maria | Editado por: Leandro Gomes
A luta das trabalhadoras e dos trabalhadores do campo por acesso à terra, condições dignas de vida e direitos foi o tema de discussão do CUT no Eixo desse domingo (4). O evento contou com a presença de Marco Baratto e Edjane Rodrigues, representando, respectivamente, o MST e a Confederação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Contag). Depois do debate, aconteceu apresentação do grupo de samba Toque de Salto, composto só por mulheres.
Além da reforma agrária, a conversa abordou a produção da agricultura familiar, a diversidade alimentar e as dificuldades políticas no que diz respeito à distribuição de terras, assunto que remota à primeira legislação sobre o tema, ainda em 1850.
“A primeira Lei de Terras demarcou que só os portugueses ou seus descendentes diretos teriam acesso às terras do nosso país. Nisso, já foi demarcado que os indígenas e quilombolas estavam de fora da distribuição”, explicou o coordenador do MST, Marco Baratto.
De lá para cá, de acordo com o dirigente do movimento, pouca coisa mudou por via legal, e tudo o que foi conquistado pelos trabalhadores sem terra dependeu da organização e mobilização do grupo.
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“Na Lei ou na marra”
“Só houve distribuição de terras por tensionamento, com luta, mortes, muita batalha, e até hoje é assim. Dizer que a gente teve um processo de reforma agrária no Brasil estaria mentindo. O que aconteceu nesse sentido foi feito primeiro na marra e depois na Lei”, explicou Baratto.
O dirigente afirmou ainda que o governo Bolsonaro deixou uma massa de trabalhadores em situação análoga à escravidão. “A massa de trabalhadores pobres é absurda, e a gente precisa organizar esse povo e ter alternativas concretas às demandas deles”, disse.
Para o dirigente, “na política não existe espaço vazio”, ou seja, se os movimentos sociais não tomam a frente, outros grupos ocupam esse papel e mobilizam os trabalhadores para seus próprios interesses.
O presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues, lembrou que a precarização dos trabalhadores rurais pode aumentar, pois o agronegócio quer plataformizar também a contratação para lavoura. Caso o projeto se transforme em realidade, pode baratear ainda mais a mão de obra dessas pessoas e desobrigar os patrões de qualquer direito trabalhista.
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III Mostra Nacional de Produção das Margaridas
A coordenadora de Políticas Sociais da Contag, Edjane Rodrigues, também esteve presente no debate e convidou a todos os presentes para participar e ajudar a divulgar a III Mostra Nacional de Produção das Margaridas. O evento acontecerá em Brasília, no Eixo Cultural Ibero-Americano, no dia 18 de agosto. A ideia é que o Governo Federal participe da atividade e já apresente algumas das devolutivas das negociações que vão acontecer com o movimento de 12 a 15 do mesmo mês.
A Mostra vai contar com uma ampla variedade de produtos produzidos pelas Margaridas dos campos, das florestas e das águas, além de programação cultural e várias práticas formativas e de cuidados com a saúde.
Resultado da reforma agrária
Edjane falou um pouco de sua história familiar e entrada no movimento sindical. Criada em um assentamento em Alagoas, a dirigente sindical se autodenominou como “um resultado da reforma agrária”.
“Cheguei ao assentamento com 12 anos de idade. Dentro de pouco tempo, estava terminando o ensino médio e, embora quisesse permanecer lá, não podia ficar sem renda. Foi quando soube de um projeto da Contag e comecei a participar do movimento”, contou Edjane.
Para a liderança sindical, é preciso chamar a atenção dos trabalhadores e das trabalhadoras com soluções que atendam às necessidades e demandas dos mesmos.
A próxima edição do CUT no Eixo acontece no dia 8 de setembro. Em breve, serão divulgadas mais informações.