CUT-DF | Há 38 anos na luta intransigente em defesa da classe trabalhadora
Há 38 anos, a CUT-DF tem se firmado com um importante instrumento de luta em defesa da classe trabalhadora.Sua história de quase quatro décadas foi homenageada em sessão solene na CLDF, nessa terça (31/8)
Publicado: 01 Setembro, 2021 - 15h34 | Última modificação: 01 Setembro, 2021 - 16h33
Escrito por: Leandro Gomes e Vanessa Galassi
CUT-DF | Há 38 anos na luta intransigente em defesa da classe trabalhadora
Combativa, autônoma, construída pela base, e que não mede esforços para lutar em defesa da classe trabalhadora. Assim a CUT-DF é lembrada ao longo de quase quatro décadas de história. E essa mesma essência foi enfatizada em sessão solene na Câmara Legislativa do Distrito federal (CLDF), que comemorou os 38 anos da Central.
De iniciativa do deputado distrital Chico Vigilante (PT-DF), a atividade aconteceu nessa terça-feira (31) e contou com a participação do atual e de ex-presidentes da Central, além de outras personalidades que fizeram ─ e fazem ─ parte da construção da luta diária da entidade sindical.
Na abertura da sessão, Chico Vigilante lembrou que uma das primeiras grandes atividades da Central no DF foi a greve das rodoviárias e dos rodoviários, em 1º de abril de 1985. O parlamentar destacou que a mobilização teve tanto impacto que fez com que o então governo federal, por meio do seu ministro da Justiça, convocasse uma emissora local de Rádio e TV para atacar a categoria.
"Fomos chamados de impatriotas, mas, naquele momento, a única coisa que a gente queria era que os rodoviários fosse tratados como gente. E foi uma greve vitoriosa, com o apoio da nossa Central", afirmou.
A comemoração dos 38 anos da Central na CLDF coincidiu com dia em que completou cinco anos do golpe de Estado, que destituiu do poder a presidenta legitimamente eleita, Dilma Rousseff. O atual presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues, lembrou que, na época, a entidade sindical já alertava sobre os prejuízos que rombo democrático traria à vida da classe trabalhadora.
"A gente dizia que o golpe não era apenas o impeachment. Dilma, uma presidenta que não cometeu nenhum crime, foi impeachmentmada para que se pudesse abrir a retirada de direitos e romper com o laço da democracia no país. E hoje estamos vendo, de motociata em motociata, os disparates que atacam a democracia e que querem fazer do nosso país o retorno das trevas dos anos de chumbo", apontou Rodrigues.
Instrumento de luta
O sindicalista reforçou ainda a posição da Central como um importante instrumento de luta da classe trabalhadora. "É um importante instrumento que precisa revitalizado e reenergizado constantemente. Precisamos apostar no trabalho de base e na renovação geracional", afirmou.
Já o presidente do Partido dos Trabalhadores do DF (PT-DF) e ex-presidente da CUT-DF, Jacy Afonso, ressaltou que para além das lutas locais, a Central no DF segue tendo papel fundamental na luta contra as políticas econômicas dos governos Temer e Bolsonaro. Ele lembrou ainda a importância da atuação da CUT e suas entidades filiadas na construção de estratégias de discussões das plataforma e planos de governo.
"Muitas vezes, o governo, que já é conservador, manda para o Congresso projetos que ali são piorados. Em vez de o Congresso mudar, piora. Portanto, para esse processo eleitoral que se inicia, nós precisamos ter uma atuação sindical para eleger deputas e deputados que se preocupam com os interesses dos trabalhadores", afirmou.
A importância da CUT-DF na unificação de diversas categorias e correntes partidárias também foi destacada pelo ex-ministro Ricardo Berzoini. "Aquele esforço que fizemos lá nos anos 80 para reunir categorias que organizadas e, muitas vezes, elitistas foi muito importante. A CUT vem com esse desafio ao longo de 38 anos de luta. E hoje temos o desafio de transformar a CUT numa instituição que, de fato, tenha raízes com a classe trabalhadora para que cada trabalhador reconheça a Central não só como instrumento de luta, mas como instrumento de expressão política não-partidária", afirmou.
Quebra da lógica cooporativista
Para a deputada federal Erika Kokay (PT-DF), a CUT em sua essência de unificação, rompe a lógica imposta na estrutura sindical brasileira, que trabalhava com o corporativismo e não com o sentimento de classe. "A gente adquire consciência política em vários cantos, mas a consciência de classe, adquirimos na condição de pertencimento, de se sentir parte da classe trabalhadora. E é um processo extremamente importante para que possamos trabalhar na perspectiva de aquelas e aqueles que constroem as riquezas do país possam usufruir delas", afirmou a parlamentar.
Nesse sentido, a secretária-geral nacional da CUT, Carmen Foro, rememorou a luta das mulheres, que desempenharam ─ e desempenham ─ papel fundamental nas lutas travadas ao longo de décadas. "Por isso, é muitíssimo importante a gente estar sempre se renovando, tendo no nosso horizonte os desafios que estão pautados hoje e se manter de pé. A CUT se mantém de pé nesses 38 anos porque não fugiu dos seus princípios, não se curvou e não se curvará a nenhum governo", disse.
A Central Única dos Trabalhadores
O ano era 1981. Mais de cinco mil delegadas e delegados do Oiapoque ao Chuí se reuniram na cidade de Praia Grande (SP), no maior encontro de lideranças da classe trabalhadora desde que a ditadura militar havia sido implantada no Brasil. Acontecia ali o evento histórico nominado de 1ª Conferência Nacional da Classe Trabalhadora – CONCLAT.
O edifício ainda em construção que abrigou as representações de 1.091 entidades sindicais de todo o Brasil acolheu também o renascimento da luta de classe organizada contra a repressão aos trabalhadores, por melhores salários e pela redemocratização do país. Foram três dias de debates e intensa disputa para romper com a estrutura oficial e dar início ao sindicalismo livre e autônomo.
Uma longa e acirrada negociação desembocou na criação de chapa única que formou a Comissão Pró-CUT. A Central Única dos Trabalhadores nasceu pela base, combativa e autônoma dois anos depois, em 28 de agosto de 1983, no Congresso Nacional da Classe Trabalhadora, em São Bernardo do Campo (SP), tendo como presidente o metalúrgico Jair Meneghelli.
Sem tolerância para a continuidade de um tempo marcado pelo ataque intransigente à classe trabalhadora e aos direitos humanos, a CUT deu seu primeiro grito com a reivindicação pela retirada do Decreto-Lei 2.045, que tramitava no Congresso Nacional com o objetivo de limitar reajustes salariais a 80% do índice de inflação do período. Paralelamente, as lutas pelo cancelamento dos acordos com o FMI, contra as intervenções do governo nos sindicatos e pela reforma agrária também foram apresentadas, e mostraram de imediato que a CUT dizia nunca mais para o recente passado sombrio.