CUT-DF estreita laços com cooperativas de catadores de materiais recicláveis

Na manhã dessa quinta-feira (05), a CUT-DF esteve novamente presente na sede da Central de Cooperativas de Catadores de Material Reciclável (Centcoop). Desta vez, o encontro − que contou com a presença de representantes do Sindicato dos Bancários de Brasília e da Central de Movimentos Populares (CMP) − discutiu um projeto de formação política voltado à categoria.

A ideia é que o projeto seja realizado nos próximos meses pela Secretaria de Formação Sindical da CUT-DF e que estimule a categoria à luta. Para o secretário da Pasta, Rodrigo Britto, a iniciativa fortalecerá ainda mais a parceria da Central com a Centcoop.

"Em meio a tantos ataques à classe trabalhadora, precisamos consolidar nossa mobilização por direitos. Para isso, é fundamental que as trabalhadoras e os trabalhadores tenham consciência de classe e que compreendam a importância da luta em unidade. A CUT foi fundada sob a lógica de uma política socialista − que busca a igualdade de direitos para todas e todos − e, nesse sentido, esse projeto de formação é essencial", afirmou Britto.

No encontro, a presidente da Centcoop, Aline Sousa, mostrou as dependências do local e destacou que a categoria tem uma necessidade de realizar formação política. "Eu sou a terceira geração de catadores da minha família, então, eu sei como foi a construção dos nossos direitos e a importância de ter um esclarecimento sobre isso, do nosso papel enquanto cidadãos e da história de lutas da nossa categoria”, afirmou.

A liderança social ressaltou ainda que, antes de 2002, as catadoras e os catadores de materiais recicláveis não tinham direitos ou sequer reconhecimento. Para ela, isso só foi possível a partir dos governos progressistas que começaram a olhar para os  trabalhadores mais invisibilizados.

“Só a partir da era de Lula tivemos políticas públicas voltadas para a nossa categoria e com o governo Dilma conquistamos a casa própria, com o nome das mulheres como titulares. Agora, estão tentando tirar esses direitos. É muito importante que os nossos trabalhadores e trabalhadoras se enxerguem enquanto categoria e tenham consciência de seu papel enquanto cidadãos. Essa formação, se nós não fizermos, outros meios realizam”, explicou Aline, que criticou os meios de comunicação de massa, pois, segundo ela, os mesmos usam a sua influência para desinformar a classe trabalhadora e desestimular a luta pelos direitos. 

Aline Sousa falou também da parceria entre e CUT-DF e a Centcoop e como isso tem sido importante para a categoria. Ela relembrou o almoço solidário, realizado em julho deste ano pela Central e pela CMP, e mostrou o resultado: cartões alimentação para as catadoras e catadores de material reciclável, que poderão realizar suas compras em supermercados. 

“Nossa categoria apresenta muita vulnerabilidade socioeconômica e, durante a pandemia, as trabalhadoras e os trabalhadores que faziam parte do grupo de risco foram afastados do local de trabalho, ficando sem renda. Por isso, foi muito importante essa arrecadação”, explicou a presidente da Centcoop. 

A Centcoop

A Centcoop reúne 21 organizações filiadas entre cooperativas e associações e representa em torno de 900 trabalhadoras e trabalhadores.  Organizada, a Central atua há vários anos no DF na comercialização conjunta dos materiais processados, além de projetos sociais e culturais, e luta também por melhores condições de trabalhado para a categoria.

Com a pandemia, as catadoras e os catadores se viram meio a grandes desafios. Em casa e sem ajuda do governo, as ações solidárias foram fundamentais para socorrer o grupo.

Uma das ações ocorreu no dia 26 de maio, quando a CUT e demais centrais realizaram ato denunciando o aumento da fome e a redução do valor do auxílio emergencial e doaram três toneladas de alimentos, colhidos de assentamentos e da agricultura familiar, às famílias da Centcoop.

Outra ação importante foi o almoço solidário citado por Aline, que vendeu 400 refeições e doou R$ 8.060 às trabalhadoras e aos trabalhadores.