Escrito por: CUT-DF

CUT-DF e movimentos reforçam luta pela igualdade racial e de gênero

A atividade foi realizada no Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, com a participação de mulheres negras da comunidade Lúcio Costa

Neiran Carvalho

Neste domingo (25) − Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha −, a CUT-DF participou de uma roda de conversa  com mulheres negras da comunidade Lúcio Costa. A atividade, organizada pelo Coletivo de Mulheres Negras Baobá, debateu a conjuntura imposta à comunidade negra, principalmente, às mulheres.

A secretária de Combate ao Racismo da CUT-DF, Samantha Sousa, representou a Central no debate e destacou a importância da iniciativa. "Nesta data tão importante para o movimento e para a população negra, tivemos um debate sobre o nosso dia, um dia contra o racismo e pela busca da igualdade racial.  Com esse governo, nossos direitos estão ameaçados e, por isso, precisamos lutar e resistir. Seguiremos em luta por igualdade no ambiente de trabalho e em todos os e espaços sociais.  Viva Marielle! Viva Leila Gonzales! Viva Dandara! Viva Zumbi dos Palmares!", disse Samantha.

Neiran CarvalhoSamantha Sousa, secretária de Combate ao Racismo da CUT-DF 

A abertura da atividade contou a participação da militante, poeta, artesã e produtora cultural, Sarah Benedita, que fez a leitura do seu poema "Nosso dia". Entre outros pontos, o texto fala sobre a tentativa de silenciar a voz das mulheres pretas.  

NOSSO DIA!

Preciso ressaltar aqui

ESTOU VIVA

Como mulher

Como preta

Como lésbica

Como ser humano

Não é possível que essa sociedade  não conseguem ver!

Olha todo esse nosso poder!

Sou, sei e sinto

RESISTIMOS!

São anos e anos na mira e a cada dia acordo com mais fogo nos olhos

Percebo meu lugar e faço questão de divulgar

Vão ter que me ouvir falar

Querem minimizar

Querem apagar

Querem de toda forma nos humilhar

Porém...

Século 21,

Somos filhas desse chão

Terão que nos aguentar

Chegando a todo momento pra nos infiltrar, pra nos priorizar e avançar

Não, não vão nos parar

Estamos buscando igualdade

E isso tá longe de ser superficial

Digo e repito que nascemos com a coroa e por isso vamos reinar.

E essas correntes que não nos deixava tocar o céu...

Quebramos!

Não vão nos parar.

Para todas as mulheres pretas, latinas e caribenhas.

Neiran Carvalho

Debate conjuntural

Outro ponto debatido na atividade foi o contexto do mercado de trabalho para a população negra e como a pandemia escancaro a desigualdade racial e de gênero. Há anos ocupando os empregos mais precários, com menores salários e sem direitos trabalhistas a população negra − em especial, as mulheres − foi mais afetada com o desemprego durante o isolamento.

Para se ter ideia da desigualdade racial, no DF, enquanto a participação dos não brancos  na População Economicamente Ativa (PEA) cresceu 14,7% durante a pandemia, a dos negros foi reduzida em 6,8%.   Os dados são da Pesquisa de Emprego e Desemprego no Distrito Federal (PED-DF), realizada através do Convênio CODEPLAN-DIEESE.

"É um cenário que precisa ser mudado e, para isso, é  fundamental que continuemos lutando e que o governo promova políticas públicas para resguardar a população negra em tempos tão difíceis como o que estamos vivendo", destacou Samantha.

Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha

A data, chamada oficialmente de Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha faz parte das atividades do Julho das Pretas, mês em que a luta ganha visibilidade. No Brasil, pela Lei nº 12.987/2014, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff, a data também passou a ser o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela foi uma líder quilombola do século 18

Neiran Carvalho Ao final da roda de discussão, o grupo fez a leitura de um manifesto repudiando o genocídio da população negra, a ausência de políticas públicas e ressaltando a urgência da promoção de iniciativas para alcançar a igualdade racial.