CUT-DF avança na luta de classes e estreita laços com sindicatos do Entorno
A direção da CUT-DF visitou sindicatos CUTistas de Campos Belos, São João d’Aliança e Cavalcante, localizados no Entorno do DF, para ouvir e compreender os principais desafios enfrentados pelas entidades
Publicado: 12 Novembro, 2021 - 17h16 | Última modificação: 17 Novembro, 2021 - 10h20
Escrito por: CUT-DF
Com o objetivo de fortalecer e ampliar a luta por direitos, no início deste mês de novembro, a direção da CUT-DF realizou uma série de visitas aos sindicatos CUTistas de Campos Belos, São João d’Aliança e Cavalcante, regiões localizadas no Entorno do DF. A ideia era ouvir e compreender os principais desafios enfrentados pelas entidades, que travam grandes lutas em defesa dos servidores públicos municipais e dos trabalhadores rurais.
Participaram das visitas o presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues; a presidenta do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios no DF e Entorno (Sintect-DF), Amanda Corcino; além do secretário de Meio Ambiente da CUT-DF, Henrique Torres; do secretário de Organização e Política Sindical, Douglas de Almeida; e da secretária da Mulher Trabalhadora, Thaísa Magalhães. O advogado da Central também esteve presente nos encontros para avaliar e dar solução imediata aos processos burocráticos das entidades sindicais.
“A direção da CUT-DF esteve presente nesses sindicatos para ouvir a demandas das entidades e das suas bases, e para propor ações conjuntas que fortaleçam a luta em defesa dos direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores da região do Entorno. Realizaremos outras visitas a outros sindicatos e a ideia é que unifiquemos nossa luta contra projetos que atingem todo o conjunto da classe trabalhadora, como a PEC 32, por exemplo”, disse Rodrigues.
De acordo com Douglas de Almeida, as visitas foram recebidas com grande entusiasmo pelos sindicalistas locais e renovaram as forças para a luta. "A visita aos sindicatos do Entorno do DF foi extremamente importante, pois houve uma troca de informações com a CUT sobre os ataques que essas trabalhadoras e esses trabalhadores vêm sofrendo. Só dessa forma, compreendendo a realidade de cada categoria, é que conseguimos fazer a inserção de trabalhadores dentro da luta por direitos", afirmou.
A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-DF, Thaísa Magalhães, se mostrou bastante animada com as visitas. "É sempre muito revigorante fazer esses encontros com os sindicatos do Entorno, pois, apesar de pouquíssima estrutura, as entidades fazem de tudo o que podem e conseguem organizar a luta perante às prefeituras e pressionar para a garantia e ampliação de direitos", disse.
Ela lembrou, por exemplo, que no Sindicato Servidores Públicos Municipais Campos Belos ─ localizado a quase 600 Km de Brasília ─, o funcionalismo público municipal se organiza intensamente para barrar a PEC 32, assim como tem ocorrido no DF e em diversas capitais. "É muito bom sabermos que a organização faz sentido e se amplia em vários lugares e que não estamos sozinhos. Por isso, é muito importante a CUT ter essa aproximação e troca de ideias, táticas e estratégias para a aproximação da base. Juntos, somos bem mais fortes!', afirmou.
Questão ambiental
Outro tema tratado no encontro foi a questão ambiental, tendo em vista que os municípios visitados ficam na região da Chapada dos Veadeiros. O secretário de Meio Ambienta da CUT-DF, Henrique Torres, destacou que, com base na fala dos dirigentes sindicais do Entorno, fica claro que há um avanço dos grandes produtores do agronegócio sobre as Áreas de Proteção Ambiental ─ como a da Chapada ─ e sobre terras de produtores familiares, responsáveis pelo cultivo e abastecimento de alimentos para moradores da região dos estados de Goiás, Bahia, Tocantins e Distrito Federal.
“Isso significa uma ameaça a vida de milhares de espécies residentes e dependentes da savana cerrado ─ a maior biodiversidade do planeta ─ e pode levar o Brasil a uma crise hídrica sem precedentes, pois o cerrado é o berço das águas. Essa ação do agronegócio causará ainda, em médio e longo prazo, a diminuição da produção de alimentos e commodities agrícolas e motivará um êxodo populacional, fazendo a população buscar regiões com disponibilidade de água potável, comida e clima amenos”, avaliou o sindicalista.
O dirigente falou ainda sobre o êxodo da juventude rural, que tem se deslocado para as regiões urbanas em busca estudo e trabalho, devido à ausência de políticas educacionais e de amparo aos pequenos produtores.
“Isso nos traz uma perspectiva muito temerosa de queda na produção de alimentos, desabastecimento e fome na região. Nesse sentido, discutimos a ampliação do diálogo dos sindicatos com a juventude e com os movimentos sociais e comunitários, o que pode representar o fortalecimento do movimento de trabalhadores e um novo sindicalismo sociopolítico, que defende a vida de trabalhadores e a sustentação da vida no planeta terra”, disse.
Trabalhadores dos Correios
A luta contra o PL 591/2020, que trata da privatização dos Correios, também foi debatida no encontro. Como denunciado veemente pela CUT, a venda dos Correios, além de deixar milhares de desempregados, atinge principalmente os pequenos municípios. De acordo com a presidenta do Sintect-DF, Amanda Corcino, as visitas e as discussões foram de suma importância, já que possibilitou que o diálogo e a compreensão das dificuldades enfrentadas pelas trabalhadoras e pelos trabalhadores mais distantes das grandes capitais.
“A gente conseguiu conversar sobre dissídio coletivo, debater a questão privatização, a nossa luta no Senado e a conjuntura política imposta aos trabalhadores”, afirmou.
Amanda observou ainda que os ECTistas daqueles municípios têm mais dificuldade de acesso às informações sobre as mobilizações e são mais atingidos precarização da estatal. “Nem todos conseguem acompanhar pelas redes sociais a luta sobre as condições de trabalho. A própria empresa é muito distante. São inúmeros os relatos sobre sobrecarga de trabalho por não ser grandes centros, dificuldades de chegar o local, materiais de trabalho e afins. Precisamos melhorar a comunicação entre o Sindicato e essas unidades e lutar para que consigamos cláusulas sindicais que garantam liberações, permitindo, assim, que tenhamos um calendário de visitas mais presente”, disse a dirigente.