Escrito por: Leandro Gomes
Um novo encontro para avaliação do movimento será realizado na próxima quarta (9)
A greve dos jornalistas da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) segue forte e com bastante adesão. Em assembleia, nessa segunda-feira (7), a categoria aprovou a manutenção da paralisação e realizará novo encontro para avaliação do movimento na próxima quinta (10).
Os trabalhadores paralisaram as atividades na última quinta (3) e exigem compromisso público do governo em relação à isonomia salarial dos empregados de nível superior.
A CUT-DF apoia a mobilização por entender que a EBC desempenha papel fundamental na democratização da comunicação e que seus profissionais devem ser respeitados.
“A CUT-DF manifesta seu apoio à luta dos trabalhadores e das trabalhadoras da comunicação da EBC, que é uma empresa responsável pela democratização da comunicação e também pela produção de notícias sem a influência do mercado financeiro. Mas, para esse trabalho continuar, é importante valorizar aqueles que constroem a EBC, em especial os jornalistas, que estão na luta por isonomia salarial. Por isso, a CUT apoia essa mobilização”, disse o presidente da Central, Rodrigo Rodrigues.
Novo PCR
A EBC lançou, em junho deste ano, novo Plano de Cargos e Remunerações, com diferentes tabelas salarias para profissionais de mesmos níveis. A medida, que foi imediatamente rechaçada pelos empregados, tem como base o salário/hora e rebaixa os salários dos jornalistas na empresa em comparação a outros grupos de trabalhadores.
Segundo o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF (SJPDF), a redução impacta cerca de 600 funcionários e chega a 12% em alguns casos. Em contrapartida, estudo dos Sindicatos que representam a categoria no DF, RJ e SP ─ com base na folha salarial disponível pelo acesso à informação ─, mostra que a implementação da isonomia impactaria apenas 0,9 % do orçamento da empresa.
O diretor do SJPDF Pedro Rafael Vilela lembra que proposta semelhante já havia sido rejeitada pelos empregados anos atrás e que, em meados de 2023, foi criado um grupo de trabalho com representantes da EBC e das categorias da empresa para discutir a pauta.
Após diversas discussões, as organizações construíram uma proposta levando em consideração as reivindicações dos trabalhadores e apresentou à empresa. Porém, não houve retorno da EBC. “A gente passou um ano num monólogo, porque era um grupo de trabalho criado pela EBC, mas só as entidades falavam”, disse Vilela.
No entanto, sem diálogo com as entidades, em meados de junho, a direção da EBC apresentou o novo PCR e se manteve fechada para negociações. Desde então, os empregados iniciaram um movimento de mobilização para tentar reverter os prejuízos.
Além das perdas financeiras, segundo o SJPDF, a medida da EBC ataca a jornada específica dos jornalistas, que é assegurada pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Em vigor desde 1943, o documento prevê carga horária de cinco horas diárias aos profissionais, podendo ser prorrogada a sete, mediante acordo escrito e remuneração das horas excedentes.
“As pessoas acham que o fato de os jornalistas estarem em mobilização pela revisão do PCR significa que estamos contra os interesses de outros trabalhadores, mas nós nunca fomos contra. O que queremos da direção da EBC é um compromisso público no que diz respeito à isonomia salarial dos distintos cargos de nível superior”, disse Vilela.
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