Escrito por: Marina Maria

CUT funda Coletivo em Defesa das Estatais, Empresas Públicas e seus Trabalhadores

Em Brasília, evento nacional ainda elaborou e entregou documento para o Governo com as principais reivindicações dos trabalhadores do setor

Leandro Gomes

A soberania, o desenvolvimento econômico e social do Brasil e a garantia de direitos à população dependem das empresas públicas e estatais. Consequentemente, as trabalhadoras e trabalhadores dessas organizações estão na linha de frente de um projeto de país que passou por drásticas mudanças na última década. Para debater as necessidades do segmento, a CUT reuniu em Brasília, nessa terça e quarta-feira (26 e 27/11), representantes do segmento de diversas regiões do país. 

“Foram dois dias de debate muito rico, que culminou no nascimento do Fórum dos Trabalhadores das Estatais e Empresas Públicas. O encontro resultou no Manifesto que foi entregue aos representantes do governo. A CUT é uma central muito combativa, mas também é propositiva, e agora não é diferente”, afirmou o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre.  

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Construído com a participação da Central e mais de 40 entidades, entre Confederações, Federações, Sindicatos Nacionais e regionais, o documento foi entregue ao secretário de Relações de Trabalho do Ministério da Gestão e Inovação (MGI), Jose Lopez Feijóo, e pode ser lido integralmente AQUI.

O manifesto e aborda a situação dos servidores públicos das estatais, a CGPAR 52, as negociações coletivas, greves, prejuízos das categorias nos últimos anos, entre outros pontos. As trabalhadoras e trabalhadores exigem valorização, direitos e garantias contra a privatização das empresas, bem como políticas para o fortalecimento dessas instituições, tão caras para todo o povo brasileiro.  

Para Feijóo, os últimos anos impuseram perdas brutais aos trabalhadores e ao Estado brasileiro, que “estava sendo preparado para ser absolutamente destruído”, segundo ele. 

“O Estado era visto como desnecessário quando sabemos que ele cumpre um papel civilizatório. Quando não tem Estado, prevalece a Lei do mais forte”, afirmou Feijóo. “Os movimentos sociais e o movimento sindical foram atacados justamente por serem pilares da democracia”, segundo ele. 

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Feijóo falou ainda das dificuldades de reconstruir aquilo que foi destruído nos últimos governos e do importante papel da classe trabalhadora nas críticas e sugestões ao governo para viabilizar essa reconstrução.   

Além do secretário de Relações de Trabalho, o secretário Adjunto do MGI, Adauto Modesto, também recebeu o Manifesto diretamente das mãos das trabalhadoras e dos trabalhadores.  

Para Adauto, “esse documento é uma contribuição muito relevante”. Ele agradeceu pelo empenho dos trabalhadores, cuja visão “é fundamental” para o processo de reconstrução do nosso país. O secretário justificou a ausência da ministra e explicou que a mesma disponibilizou agenda para receber as reivindicações e manter o diálogo com as categorias. 

O encontro

Mais de 80 sindicalistas, representando 44 organizações participaram ativamente do Encontro das Entidades Representativas de Trabalhadores e Trabalhadoras das Estatais e Empresas Públicas em Brasília. 

Anfitrião da atividade, o presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues, destacou o papel estratégico das empresas e de seus trabalhadores. “Foi um encontro importante para a CUT, a gente fez uma programação de dois dias, que contou com a colaboração do DIAP, do Dieese, da LBS Advogados, que presta assessoria jurídica pra CUT Brasil e de todos os trabalhadores, cujo trabalho diário constrói a soberania nacional”, afirmou. 

Rodrigues lembrou o processo de tentativa de privatização dos Correios, onde “eles só queriam privatizar aquilo que dá lucro. Em contrapartida, queriam criar uma outra empresa pública para fazer toda a parte de logística, atualmente uma responsabilidade dos Correios, ou seja, não faz o menor sentido. Já temos essa empresa e o que precisamos fazer é defende-la”, afirmou.   

O evento contou ainda com análise de conjuntura, com Sérgio Nobre e Erika Kokay. A deputada do PT-DF afirmou: “O país construiu essa democracia graças à luta dos trabalhadores e trabalhadoras. Aqui estão as empresas que tem condições de construir um país soberano, mais justo e mais igualitário. Queremos que nossas empresas continuem públicas para que o Brasil construa a sua soberania”. 

O presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, falou sobre o projeto de reforma sindical, fundamental para garantir a atualização necessária para que o movimento continue forte, atuante e  representativo frente às mudanças no mundo do trabalho e as estratégias de luta em defesa da democracia, dos direitos da classe trabalhadora e por uma sociedade mais justa e igualitária para todas e todos.