Creches: Faltam 14 mil vagas para crianças de 0 a 3 anos no DF
A falta de vagas desencadeia uma série de problemas que afeta todo o ciclo familiar
Publicado: 20 Fevereiro, 2024 - 09h39 | Última modificação: 20 Fevereiro, 2024 - 09h42
Escrito por: Sinpro-DF
O descaso de Ibaneis com a educação e com as crianças é amplo, geral e irrestrito. Atualmente, 14 mil crianças de zero a 3 anos de idade aguardam vaga em creche. Enquanto isso, o governador anuncia a criação de novas vagas em creches: 1.139.
A falta de vagas em creches não prejudica apenas as crianças, mas também todo o entorno de cuidados desses pequenos(as) cidadãos(as): uma criança fora da creche é uma mãe sem poder trabalhar ou estudar, ou avós sobrecarregadas.
Reportagem publicada no domingo (18/2) no Correio Braziliense revela que o cálculo do déficit de 14 mil vagas é da própria SEE-DF, que anuncia: está concluindo seu planejamento anual, e há uma previsão de aumento de 1.139 vagas (mas essa previsão ainda não foi confirmada.)
O que o GDF chama de planejamento é, na verdade, a perfeita demonstração do descaso de Ibaneis com a primeira infância e com mães de crianças pequenas: em 2024, o GDF oferece 31.496 vagas em creches. Desse total, 27.627 são oferecidas por instituições parceiras – nome bonito para o convênio – mais 6.257 famílias atendidas com Cartão Creche.
E a CLDF informa receber denúncias de creches credenciadas com superlotação ou irregularidades na contratação das equipes de educação infantil. “O que nos preocupa é que o governador disse que esse seria o ano de entrega de escolas, mas o orçamento para a educação infantil diminuiu. Não há uma única linha no plano plurianual sobre a construção de creches, e o orçamento para essas instituições ficou zerado na LOA”, conta à reportagem do Correio Gabriel Magno (PT), presidente da Comissão de Educação da CLDF. Magno completa: “apesar do cartão creche ser uma ajuda emergencial, só o que pode resolver esse déficit do GDF é a construção de creches públicas.
A falta de vagas em creches cria um efeito cascata: sem essas vagas, a pessoa que cuida da criança, que, na quase totalidade dos casos é a mãe, precisa se dedicar quase que integralmente à criança. Trabalho, só em meio período (com remuneração menor), e nesse tempo a criança fica ou com a avó ou com outra pessoa da família. Ao se dedicar integralmente à criança, a mulher não tem tempo para investir em especializações, graduações. Com isso, fica defasada no mercado de trabalho, como aponta na reportagem do Correio a doutoranda em teoria feminista da Universidade de Brasília, Camila Galetti.
“A consequência dessa defasagem é sentida não só pela mulher, mas por toda a sociedade, pois faltam profissionais qualificados(as) em quantidade suficiente para tocar o mercado de trabalho e a economia. Então, só podemos entender como deboche a informação de que a SEE-DF faz “planejamento”. Se essa relação de causa e consequência não é compreendida por um governador que se diz “gestor”, quem vai compreender?”, aponta Mônica Caldeira, coordenadora da Secretaria de Assuntos e Políticas para Mulheres Educadoras do Sinpro.