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Atos em todo o país pedem justiça por Mariana Ferrer

Milhares de pessoas ─ a maioria mulheres ─ foram às ruas nesse fim de semana em todo o país para exigir justiça no caso Mari Ferrer. Acusado de estupro pela influenciadora, o empresário André de Camargo Aranha foi inocentado pela Justiça do Paraná em um julgamento que escancarou a misoginia do judiciário brasileiro. O juiz […]

Publicado: 09 Novembro, 2020 - 16h12

Escrito por: Leandro Gomes

Leandro Gomes
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Milhares de pessoas ─ a maioria mulheres ─ foram às ruas nesse fim de semana em todo o país para exigir justiça no caso Mari Ferrer. Acusado de estupro pela influenciadora, o empresário André de Camargo Aranha foi inocentado pela Justiça do Paraná em um julgamento que escancarou a misoginia do judiciário brasileiro. O juiz acatou argumento de que ele “não teve intenção” de violentar a vítima.

Em Brasília, uma das mobilizações aconteceu no sábado (7), na Praça dos Três Poderes. Com cartazes, faixas e bandeiras, o grupo deixou clara a insatisfação com a sentença judicial do caso e com os diversos tipos de violência contra as mulheres.

A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-DF, Thaísa Magalhães, participou da atividade e destacou que, para além do pedido de justiça por Mariana Ferrer, os atos demostraram “uma preocupação de que o que foi inventado no julgamento se torne uma desculpa para que os estupros saiam impunes”.

“Esse crime de “estupro culposo” está, juridicamente, abrindo a impunidade para um crime previsto em lei, que é o do estupro. O conjunto de mobilização tem a ver, sim, com o caso da Mariana, mas está ligado também à vida de todas as mulheres, à liberdade, à garantia de que as tenhamos os mesmos direitos que os homens”, disse.

Em todo o país, o número de punições é bem abaixo do volume de ocorrências. No artigo Crimes sexuais: a impunidade gerada por um Estado omisso, o perito criminal federal e presidente da Academia Brasileira de Ciências Forenses, Hélio Buchmüller, destacou que a taxa de condenação é de apenas 1%.

“A maioria dos crimes de estupro saem impunes por conta de uma cultura que culpabiliza as mulheres por absolutamente tudo, inclusive, as violências que elas sofrem”, disse Thaísa.

O caso Mariana Ferrer

Segundo Mari, o estupro ocorreu durante uma festa em Jurerê Internacional, Florianópolis, no final de 2018. À época com 21 anos, quando ainda era virgem, ela denunciou que foi dopada, antes de ter sido violentada pelo empresário.

O caso voltou à tona na semana passada, quando reportagem do The Intercept Brasil divulgou as imagens do julgamento, em que Mari implora ao juiz para que fosse respeitada, após ser humilhada pelo advogado por Cláudio Gastão da Rosa Filho. O advogado mostrou, então, fotos sensuais da jovem para questionar a acusação de estupro.

“Peço a Deus que meu filho não encontre uma mulher que nem você”. Sem ser interrompido, o advogado insistiu em mostrar imagens. “Só falta uma auréola na cabeça. Não adianta vir com esse choro dissimulado, falso, e essa lágrima de crocodilo”, acusou Cláudio Gastão.

Aos prantos, a jovem implorou por respeito. “Nem os acusados, nem os assassinos são tratados da forma como eu estou sendo tratada. Pelo amor de Deus, o que é isso? Eu sou uma pessoa ilibada, nunca cometi crime contra ninguém”, contestou Mariana na audiência.

Fonte: CUT-DF com informações da CUT Nacional