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Adesivo machista é uma violência contra as mulheres

Desde ontem (30) surgiram imagens machistas contra a Presidenta da República, Dilma Rousseff, nas redes sociais. São adesivos com a imagem da presidenta de pernas abertas colados na boca dos tanques dos veículos e, que quando abastecidos, insinuam uma inserção da bomba nas partes intimas de Dilma. A intenção dos que aderiram a essa moda, […]

Publicado: 02 Julho, 2015 - 12h01

Escrito por: Jean Maciel

Jean Maciel
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Desde ontem (30) surgiram imagens machistas contra a Presidenta da República, Dilma Rousseff, nas redes sociais. São adesivos com a imagem da presidenta de pernas abertas colados na boca dos tanques dos veículos e, que quando abastecidos, insinuam uma inserção da bomba nas partes intimas de Dilma. A intenção dos que aderiram a essa moda, fora de moda, é protestar contra o aumento de gasolina na última semana.

Para a secretária das Mulheres Trabalhadoras da CUT, Rosane Silva, isso é uma atitude machista. “Querer relacionar um protesto contra o aumento da gasolina com a uma violência sexual numa mulher como se fosse engraçado é um absurdo”, afirma Rosane.

“Esses adesivos são uma afronta a nós mulheres, não é uma afronta somente à Presidenta da República. É uma afronta às lutas das mulheres que fazemos neste país para acabar com a discriminação, acabar com a opressão”, disse a secretária.

Em 2006 foi sancionada uma lei que defende mulheres que sofrem violência doméstica, a Lei Maria da Penha, luta antiga dos movimentos sociais de mulheres. Elas sempre sofreram e sofrem preconceitos, em casa, no trabalho, na rua e até nas redes.

Com este comportamento a gente percebe claramente a falta de qualidade nos argumentos políticos e até de análises mais sérias para criticar o governo da presidenta.

Rosane também destacou o papel da Central Única dos Trabalhadores que sempre lutou pelos direitos das mulheres e que defende toda e qualquer forma de expressão de liberdade.  “Nós, mulheres trabalhadoras, estaremos nas ruas para defender os direitos das mulheres, para defender a liberdade de expressão, mas a melhor forma de defender a liberdade de expressão hoje no nosso país é a gente fazer a democratização da mídia, que não respeita os direitos das mulheres e que não respeita as mulheres.

“Seja qual for a mulher, nós não aceitaremos este tipo de comportamento. Iremos levar para os órgãos cabíveis a denúncia e exigir apuração e punição dos responsáveis por essa violência que a presidenta Dilma está sofrendo nas redes sociais”, finaliza Rosane.

Movimento de mulheres protesta

A CUT e várias entidades do movimento de mulheres lançaram nota de repúdop aos adesivos com mensagem sexista e uso da imagem da Presidenta. Confira:

 

NOTA DE REPÚDIO

O CLADEM, Comitê Latino Americano e do Caribe em Defesa dos Direitos das Mulheres, a Marcha Mundial de Mulheres, a Central Única dos Trabalhadores, a União Brasileira de Mulheres, a Rede Feminista de Saúde, a Secretaria Estadual de Mulheres do PT/RS, o Coletivo Feminino Plural, a THEMIS Gênero Justiça e Direitos Humanos, a Frente Parlamentar de Homens pelo Fim da Violência contra a Mulher – AL/RS, o Conselho Estadual dos Direitos das Mulheres do Rio Grande do Sul e o Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres de Porto Alegre – CONDIM, vêm expressar repúdio contra os adesivos de carro com mensagem sexista e uso da imagem da Presidenta Dilma Rousseff. Tamanho desrespeito dispensa a descrição ou a divulgação da imagem nesta nota.

A liberdade de expressão tem limites regulados em lei. Qualquer tentativa de protestar contra o aumento do combustível ou contra a chefe do Executivo brasileiro ultrapassou os direitos de imagem, e passou a configurar afirmação de violência contra a mulher. A imagem da mulher no adesivo,remetem a mensagem de uma violência sexual, o que por si é uma expressão inadmissível de suportar diante do atentado a dignidade sexual que convivemos cotidianamente. Além disso, a mulher em questão é a Presidenta da República, o que reforça a violência sexista que enfrenta a mulher na política.

As mulheres brasileiras se sentem ofendidas, desrespeitadas. Expressões como essa não retratam o exercício de democracia. É escárnio, deboche, é violência contra a mulher! Vai de encontro à Convenção Interamericana pela Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a mulher – CEDAW, que o Brasil ratificou junto ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos.

A circulação da imagem é ato discriminatório contra as mulheres brasileiras e contra a Presidenta Dilma. Tanto em mídia eletrônica quanto nos adesivos em veículos nas cidades brasileiras. Exigimos a proibição dessa circulação pelos meios judiciais cabíveis junto à polícia e o Governo Federal, assim como a responsabilização cível e penal dos responsáveis.

Porto Alegre, 01 de julho de 2015.

CLADEM Brasil – Comitê Latino Americano e do Caribe me Defesa dos Direitos das Mulheres

Marcha Mundial de Mulheres

Central Única dos Trabalhadores

União Brasileira de Mulheres

Rede Feminista de Saúde

Secretaria Estadual das Mulheres do PT/RS

Coletivo Feminino Plural

Themis Gênero Justiça e Direitos Humanos

Frente Parlamentar de Homens pelo Fim da Violência Contra a Mulher – Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

Conselho Estadual dos Direitos das Mulheres do Estado do Rio Grande do Sul

Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres de Porto Alegre

 

Fonte: CUT e CUT Brasília