Como não lembrar do Ibaneis
Publicado: 27 Outubro, 2023 - 00h00 | Última modificação: 27 Outubro, 2023 - 10h10
Quem tem que chegar no plano piloto enfrenta filas quilométricas nas principais vias de acesso do DF por conta dos buracos do governador, viadutos e estradas de concreto, obras executadas simultaneamente com gastos astronômicos feitas sob o pretexto de melhorar a mobilidade urbana (túnel Rei Pelé 275 milhões). Enquanto isso a população pena com a frota de ônibus sucateada e uma tarifa alta, 763 ônibus circulam com a validade vencida, descumprindo contratos bilionários.
Os hospitais sob a gestão IGES estão tão precarizados que a população do DF tem procurado pelos serviços do entorno do DF, afinal na gestão IGES um paciente internado precisa esperar 20 dias pelo laudo de uma tomografia, isso para não falarmos do tempo que alguém na regulação via UBS espera para realizar tal exame ou um procedimento cirúrgico de urgência.
Os equipamentos de saúde mental, CAPs, não comportam mais a demanda recebida, COMPP e Adolescentro tem uma fila gigantesca de espera e o projeto consultório na rua precisa ser ampliado.
Seria necessário ao menos 1 CAPS i (infanto juvenil) em cada RA para suprir as demandas de crianças e adolescentes em sofrimento psíquico e tentativa de autoextermínio. Ainda falando de crianças, temos um déficit de creches assustador, mais de 15 mil crianças esperam na fila.
E se formos falar em pessoas em situação de rua? O DF registra o maior percentual do Brasil com aproximadamente 8 mil pessoas vivendo nas ruas, sem políticas sérias de redução de danos, repúblicas inclusivas e políticas de inclusão socioprodutivas. Ao abordarmos a situação das mulheres no DF, aí sim o retrato é feio, são 29 feminicídios contabilizados sem nenhuma campanha do governo no sentido de coibir esse crime; e as delegacias ainda são territórios de revitimização e opressão às mulheres vítimas de violências em qualquer fase da vida. E pra finalizar, a cereja do bolo….
Havia uma lei de 2013 do então governador Agnelo que fazia a reserva de 50% de todos os cargos comissionados de cada órgão do DF para servidores, numa tentativa de não perder a memória das ações governamentais e garantir a continuidade das políticas públicas. Agora o Ibaneis alterou essa lei para 50% do número total de cargos comissionados do governo. Possibilitando a título de exemplo, que uma administração regional possa ter 90% de comissionados sem vínculo, transformando o órgão num verdadeiro comitê eleitoral.
Sim, como não lembrarmos do governador e pensarmos: é este o governo que merecemos? é este o DF que queremos?
Thelma Mello - Conselheira Tutelar e Servidora Pública da Assistência Social