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Artigo

A opressão da mulher e a luta de classes

Publicado: 13 Março, 2018 - 15h06

Por Meg Guimarães*

A crise do sistema capitalista em decomposição tem acirrado a luta de classes no mundo todo, atingindo diretamente as mulheres, como vemos,quando se propõe igualar idade de aposentadoria entre homens e mulheres. A burguesia usa os mecanismos disponíveis para impedir que a classe trabalhadora se organize de forma unitária. Daí a necessidade de defender as organizações construídas pela classe para a luta pelas reivindicações.

Com o surgimento do capitalismo a opressão das mulheres permaneceu. A queda da Batilha em 1789 não  garantiu o voto feminino, admitido pela burguesia francesa apenas em 1945. Com a Revolução Russa de 1917, na democracia operária, mulheres tinham direito a votarem e serem votadas para cargos públicos, conquistaram a igualdade de direitos perante o matrimônio, o direito ao aborto, a igualdade de salário em relação aos homens pelo mesmo trabalho, licença maternidade, jornada de trabalho de 8 horas, dentre outras medidas que criavam condições para que mulheres pudessem superar a situação vulnerável em que viviam.

Elevar a participação feminina em espaços de decisão é uma necessidade, mas é preciso refletir sobre qual o meio mais eficaz de atingir a meta. As cotas femininas não garantem que mulheres assumam um lugar de fato nos espaços decisivos. A paridade inviabiliza a livre discussão ao criar imposições que ficam na aparência e podem constranger mulheres que, muitas vezes,são levadas a se inscreverem para preencher as vagas, mesmo que não sintam a necessidade de falar. A composição decorativa de mulheres em uma mesa não combate a opressão, e pode até instrumentalizá-la.

A política de antagonismo de gênero aflora a disputa entre homens e mulheres, como se a luta de gênero fosse universal e superior à luta de classes. Sabemos que mesmo com uma revolução proletária os problemas de opressão das mulheres não acabariam, em parte, devido ao aspecto cultural, que fica enraizado no povo e que leva gerações para mudar.Alguns dos problemas iminentes derivados da opressão da mulher devem ser combatidos transitoriamente, mesmo antes de uma revolução em escala mundial.

Aqui no Brasil foi preciso ter um partido de trabalhadores e vencer quatro eleições presidenciais para que as empregadas domésticas, tratadas como escravas por patrões, pudessem ter seus direitos como trabalhadoras reconhecidos. Foi graças ao PT que se aprovou a Lei Maria da Penha, a lei de combate ao feminicídio. Foi também nos governos do PT que se garantiu melhor renda para mães de família. Falta conquistar a universalização do acesso a creches públicas, a legalização do aborto e também promover educação sexual para crianças e adolescente, entre outras reivindicações.

Para colocar a mulher trabalhadora à frente da luta contra a opressão é há de se ter a luta de classes como base.Companheiros na própria esquerda reproduzem de forma equivocada praticas machistas;queremos educá-los para que percebam seu erro. Não temos interesse em estimular o ódio de gênero ou um acirramento que possa dividir a nossa classe. Nosso espaço conquistamos quando nos formamos como dirigentes, capazes de estar em pé de igualdade com nossos companheiros. Nossa luta como mulheres não é separada da luta do conjunto da classe trabalhadora, mesmo tendo questões específicas que não deixamos de abordar,já que no capitalismo trabalhadoras acabam sendo mais oprimidas que trabalhadores, exatamente por isso devemos lutar juntos.

* Meg Guimarães é vice-presidenta da CUT Brasília e Diretora do SINPRO-DF